Estado, a economia e a reprodução social na semiperiferia do sistema mundial

Período
1 de junho de 1989
Resumo

A análise da sociedade portuguesa enquanto sociedade de desenvolvimento intermédio exige uma reconstrução profunda dos conceitos e das teorias existentes a qual, para ser eficaz, tem de abranger uma grande amplitude teórica e metodológica e focar um conjunto suficientemente amplo de áreas temáticas. O projeto visou um diagnóstico amplo da sociedade portuguesa como sociedade semiperiférica e, uma reconstrução teórica do próprio conceito de semiperiferia a partir das especificidades dessa sociedade. Possibilitando assim uma apreensão mais aprofundada da forma portuguesa de viver a transformação dinâmica do sistema mundial desde 1974. Em particular, visou-se entender como as características altamente heterogéneas da sociedade portuguesa, tanto nos planos económico e social como nos planos político e cultural, levaram a configurações do Estado que inscrevem na sua matriz institucional a própria heterogeneidade social que é objeto da sua regulação.

Resultados

A reconstrução teórica do conceito de semiperiferia centrou-se em quatro momentos: 1. Especificação das consequências da identificação da sociedade portuguesa como sociedade europeia, diferente de outras sociedades semiperiféricas do sistema mundial; 2. A centralidade do papel do Estado no contexto português obrigou a uma atenção especial à transformação desse papel no período em análise; 3. O conceito de sociedade-providência revelou-se absolutamente central para entender a discrepância entre os padrões de produção capitalista e de relações laborais, por um lado e, por outro, os padrões de consumo e de reprodução social em Portugal; 4. A incorporação da análise da cultura e das teorias da cultura permitiu colmatar uma lacuna há muito detetada da teoria do sistema mundial, acrescentando elementos à caracterização da sociedade portuguesa como semiperiférica.
Os resultados estão sintetizados nos dezoito capítulos do volume Portugal: Um retrato singular (org. Boaventura de Sousa Santos, Porto: Afrontamento, 1993).

Investigadoras/es
Adelino Fortunato
Adosinda Henriques
António Gama
António Sousa Ribeiro
Boaventura de Sousa Santos (coord)
Carlos Fortuna
Elísio Estanque
Fernando Ruivo
Graça Capinha
Idalina Melo
Isabel Caldeira
João Moreira
José Reis
Maria Irene Ramalho
Maria José Hespanha
Maria Manuel Leitão Marques
Pedro Hespanha
Rui Namorado
Virgínia Ferreira