Números

Oficina nº 367

Oficina nº 367

Aimé Césaire relendo o cânone: transformar Shakespeare em palimpsesto

Descarregar
Data da Publicação
Maio de 2011
Resumo
Na sua peça Une Tempête, Aimé Césaire mostra como um autor canónico como Shakespeare participou da “colonialidade do ser” europeu. Num gesto inédito, o autor caribenho não só aponta para o conteúdo racista da peça de Shakespeare, como também, à semelhança do seu Caliban, se insurge contra o saber do poder imperialista. Num acto de resistência, o subalterno transforma um dos autores do cânone ocidental em palimpsesto do seu próprio texto, apropriando-se de um dos géneros mais prestigiados no campo literário ocidental, a tragédia. O Outro, por cima do qual costumávamos escrever depois de quase termos destruído o seu próprio texto (os seus saberes, a sua paisagem, até o seu corpo), devolve-nos um olhar corrosivo, no verdadeiro sentido da palavra.