ESCOLA DE INVERNO DO PROGRAMA DE INVESTIGAÇÃO EPISTEMOLOGIAS DO SUL E GENDER WORKSHOP

Escola de Inverno Ecologias Feministas de Saberes II - Saberes e Práticas para a C[u]idadania
 

27 a 31 de janeiro de 2020

CES-Sofia

A Escola de Inverno Ecologias Feministas de Saberes II – Saberes e Práticas para a C[u]idadania  está estruturada em torno do tema dos cuidados e da sua estreita relação com a construção de cidadania democrática e pluriversa. A partir de perspectivas feministas críticas, propomos pensar e agir em torno de 4 questões principais:

  1. A cidade descuidada e os cuidados na cidade: 3 grupos vão percorrer alguns lugares da cidade observando e discutindo tanto o seu carácter colonial, capitalista e heteropatriarcal quanto as suas resistências e alternativas. Nestes percursos encontrarão pessoas da cidade com quem conversar e trocar ideias e impressões e conhecer associações locais e os seus trabalhos. A proposta inclui ter a experiência da cidade utilizando transportes públicos e ver o que não costuma ser visto.
  2. Os cuidados com a democracia e a democracia para além do Estado: Num quadro de uma democracia de baixíssima intensidade, em que muitos decidem pouco, e poucos decidem muito; um sistema que descuida e ataca a democracia doente há, em contra corrente, cidadãs e comunidades que, em diferentes escalas, desafiam a ordem instalada e reinventam quotidianamente formas de cuidado com o bem comum e a organização da coisa pública. O dia será dedicado a conhecer, analisar e debater algumas destas experiências, protagonizadas por mulheres e aos conhecimentos produzidos nas lutas por democracias de alta intensidade.
  3. Beautiful Masculinities: repensar a masculinidade a partir de experiências não-hegemónicas: é um espaço de fala a partir das experiências próprias de pessoas que encarnam masculinidades não-hegemónicas e que fazem a partir de uma postura política baseada sobre uma reflexão crítica ao heterocispatricarcado e a violência no quotidiano, e a partir de reflexões sobre proteção e práticas de cuidado. Pretende-se criar um espaço aberto de discussão e partilha de formas/desejos de (auto)cuidado no qual as pessoas participantes da escola poderão falar, escutar, trocar, criara formas, gestos e desejo de (atuo)cuidado.
  4. Os cuidados consigo, com xs outrxs e com a Terra: Cuidar é pensar-agir descentrando-se de si; é prestar atenção; é solicitude; é desvelo; é preocupação e inquietação pelo bem-estar de outrem; é afeição vital pelos bens comuns; é sentir com e é querer sentir com; é uma forma profunda de partilhar a responsabilidade pela vida em todas as suas formas. Os cuidados não é apenas uma questão social neles há dimensões ontológicas, sociais e epistemológicas que devem ser pensadas e reflectidas.

Esta Escola de Inverno é composta por seminários, rodas de conversa, oficinas criativas, percursos pela cidade e uma proposta de atividade de expressão artística a que demos o nome A (Es)cola que nos Une.

Seminários
Os seminários decorrerão na parte da manhã de cada dia entre as 9h30 e as 13h. Cada seminário é construído a partir de um diálogo entre o tema gerador do dia e saberes e práticas trazidas pelxs formadorxs para aprofundar uma teorização inovadora e crítica e uma discussão sobre as experiências alternativas que já estão em marcha. Até ao começo da escola serão indicadas algumas leituras, assim como, feitas sugestões de acesso a outro tipo de materiais igualmente considerados importantes.
 
Oficinas criativas e rodas de conversa
As oficinas e as rodas de conversa alternam entre as manhãs e as tardes dos dias da escola. Cada uma das oficinas e rodas de conversa dialogará com os temas geradores do dia procurando exercitar outras linguagens, outras competências e outros conhecimentos. As oficinas e as rodas de conversa serão conduzidas por ativistas feministas e formadorxs convidadxs.
 
Percursos pela cidade
Os percursos pela cidade procuram criar oportunidades únicas para observar e problematizar as materializações  existentes na cidade de Coimbra do colonialismo, do capitalismo e do heteropatriarcado assim como as resistências e alternativas existentes. Estes percursos terão lugar na tarde do primeiro dia e serão levados a cabo: (1) na parte norte da cidade onde estão localizados os antigos bairros operários, onde foram alojadas as populações mais empobrecidas e onde se pode observar a destruição do tecido produtivo feita pelo capitalismo neo-liberal. Uma paragem no bairro do Ingote proporcionará um encontro com activistas das hortas urbanas populares, das feiras de troca com uso de moeda social, das redes colaborativas do Mondego e lideranças sindicais feministas; (2) entre a cidade Alta e a Baixa fazendo-se um percurso onde se poderão observar pichações feministas assim como monumentos de recorte marialva e explorando o ideário sexista da cidade. No final o percurso termina com uma oficina de leitura e escrita a partir de textos literários de mulheres para a problematização do que foi visto e sentido; (3) no bairro Norton de Matos (antigo bairro Marechal Carmona), onde a estrutura colonial e fascista está bem visível na toponímia e a no traçado do edificado. Este percurso passará pela associação local o Centro Bairro Norton de Matos como uma das organizações sociais que contraria esta herança fascista e colonial e terminará com uma roda de conversa na Associação 25 de Abril com pessoas da cidade que a partir das suas experiências pessoais e dos seus saberes poderão contribuir para revelar as resistências que sempre existiram mas que não estão visíveis.   
 
A (Es)cola que nos Une
Ao longo dos percursos feito na rua, dos seminários, oficinas e rodas de conversa na Escola de Inverno Ecologias Feministas de Saberes II, repensando o colonialismo, o capitalismo e o heteropatriarcado, analisando a forma como estes se desenham sobre uma cidade, nas suas gentes, entendimentos e olhares, desafiam-se xs participantes a apanhar e a partilhar os caminhos feitos ao andarmos juntxs. Podem, ao ritmo que quiserem, com os suportes que quiserem ir registando imagens; construindo textos, orais ou escritos; tirando fotografias; fazendo desenhos ou rabiscos, entre outras possibilidades criativas. A nossa sugestão, que é também um desafio, é usar tudo o que sentimos, pensamos e fazemos para construir, colectivamente, a outra narrativa da Escola. Podemos usar corpo(s), arte(s), ciência(s) e outros conhecimentos, sentindo, pensando e imaginando, indo para lá da margem, misturando livremente, refazendo as Ecologias Feminista de Saberes de forma alternativa, abrindo outras formas de criar e trocar saberes. Como partilhar e juntar: Todas as criações e registos podem ser enviados pelxs participantes para a página email da Escola de Inverno Ecologias Feministas de Saberes, dando-se forma a uma colagem coletiva, autorada e assinada por todxs.

Além destas atividades será feito um registo fotográfico/vídeo diário das diferentes atividades da Escola que será posteriormente editado como documento audiovisual para memória da Escola e divulgação das atividades do Centro de Estudos Sociais. Só integrarão este documento as pessoas participantes que derem autorização formal de uso da sua imagem.

As línguas de trabalho da Escola são Português e Espanhol.