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Oficina nº 237

Oficina nº 237

A angústia da transgressão corporal: A deficiência assim pensada

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Data da Publicação
Outubro de 2005
Resumo
Com propósito central de compreender a complexa relação entre as representações culturais da cegueira e as vidas daqueles que a conhecem na carne, há anos que venho realizando investigação em Portugal sobre questões relacionadas com o tema da deficiência. Partindo do meu itinerário etnográfico, pretendo aqui convocar algumas questões teóricas que se erigiram particularmente significativas à medida que fui sendo confrontado com os limites postos às formas convencionais de apreender a experiência nas ciências sociais. Tentando inquirir o lugar díspar que o sofrimento ocupa, enquanto referente, nas histórias de vida das pessoas cegas e nos valores dominantes acerca da cegueira, deparei-me com dimensões da experiência humana em que a centralidade das emoções, do corpo e da imaginação se foi gradualmente insinuando. Não sem agonismo, tudo se sucedeu, diria, como se uma visita não convidada principiasse a habitar no meu quarto. Vim a consentir tal presença forjando como leito de acolhimento “a angústia da transgressão corporal”, o conceito que proponho neste texto.