Migrações precárias: experiências e relatos
Este projeto pluridisciplinar e internacional, visa realizar um trabalho de investigação sobre as migrações precárias em França e no espaço europeu (EU). São aqui considerados migrantes precários todas aquelas pessoas que fazem um percurso de migração sem dispor de um estatuto legal (visto, autorização, promessa de contrato de trabalho, alojamento garantido...) pré estabelecido ou garantido. Assim, nesta categoria, entrarão tanto os migrantes ilegais (correntemente apelidados de «clandestinos») como os requerentes de asilo chegados ao espaço Schengen como turistas ou entrados furtivamente, e ainda todo o tipo de categorias de estrangeiros cuja permanência no território considerado é, por razões diversas e sempre crescentes, litigiosa. Esta pesquisa visa trazer uma consistência teórica e aprofundar o valor heurístico desse sintagma «migrante precário». Com efeito, parece-nos que estamos a assistir, nos países da Europa ocidental, ao entrecruzar incessante de toda uma população estrangeira flutuante que, não somente está votada a viver formas de precariedade social e económica variáveis e também efetivas, mas, além disso, que sofre de um estatuto jurídico e político de «sub-pessoa», de parias, isto é, «pobres em direitos», o que determina todas as formas de marginalidade ou ausência de participação igualitária na “vida comum”. Novos « metecas », em suma, num mundo cada vez mais assimilável, segundo esse prisma, à sociedade clássica tal como a descreve (ou imagina) Fustel de Coulanges.
Maison des Sciences de l’Homme, Paris-Nord (Coord.)