A Escola de Inverno ‘Ecologias Feministas de Saberes’ parte da premissa teórica de Boaventura de Sousa Santos (2014: 133) segundo a qual não há justiça social sem justiça cognitiva para a radicalizar afirmando que não há justiça social e cognitiva sem justiça sexual. Assim, interroga-se toda a imaginação sociológica, feminista ou não, que não ponha em evidência o perigo constante da single story¹ e as múltiplas ignorâncias que homogeneizam e amalgamam a diversidade intensa e, potencialmente infinita, dos seres que se reconhecem como mulheres, dos seus conhecimentos e experiências que estão disponíveis no mundo. Assumindo como raiz conceptual a ecologia de saberes, opta-se por ir mais além, isto é, buscar reconhecer, valorizar e validar ecologias feministas de saberes. 
Esta Escola de Inverno procura desenvolver um pensamento feminista crítico, reflexivo e dialogante. É um espaço de discussão e de construção de conhecimentos fortemente contextualizados e que visam alimentar as solidariedades Sul-Sul e Sul-Norte. 

A segunda edição da Escola Ecologias Feministas de Saberes, que terá lugar entre 27 e 31 de Janeiro de 2020 é especialmente dedicada ao tema dos cuidados. Queremos desafiar a ideia de que os cuidados se referem a atividades desenvolvidas pelas mulheres no espaço doméstico privado o que tem vindo a naturalizar o essencialismo sexista que persiste no senso comum até aos nossos dias. Ao contrário, afirmamos que os cuidados são parte do político e que a dicotomia entre privado e público é uma forma de esvaziamento do seu potencial fraturante com a presente guerra infinita contra as pessoas, os territórios, as identidades e a Terra. Nesta Escola queremos problematizar os cuidados como práticas transformadoras poderosas que contrariam os ideais de conquista, ocupação e domínio do colonialismo, do heteropatriarcado e do capitalismo.

Esta escola de Inverno tem três objetivos principais:

1. O primeiro é construir ecologias feministas de saberes, em diálogo com as Epistemologias do Sul, que deem conta de uma diversidade temática e de experiências de opressão desigualdade vividas por diferentes mulheres, mas também de emancipação e alternativas, pensadas e levadas a cabo por elas;
2. O segundo é interrogar, refletir e ampliar, do ponto de vista feminista, o conceito de cuidado nas suas dimensões ontológicas, sociais, políticas e epistemológicas;
3. O terceiro é questionar metodologicamente o trabalho da pesquisa para uma construção de conhecimento não-extractivista, solidário e autoreflexivo;

Esta escola de Inverno é dirigida a: mulheres e homens da academia interessadxs nestes temas; ativistas sociais; formadorxs e animadorxs sócio educativxs; professorxs

O certificado de participação só será entregue xs participantxs que estiveram presentes em pelo menos: 3 dias completos do total da Escola