Projeto de Tese de Doutoramento
Lutas de mulheres frente à crise ecológica: O caso das pescadoras artesanais nas reservas extrativistas marinhas no Brasil
Orientação: Lúcia Fernandes
Programa de Doutoramento: Democracia no Século XXI
Financiamento: Não tem
A expansão do neo-extrativismo e a distribuição desigual dos custos e benefícios da utilização dos recursos naturais expõe as comunidades mais vulneráveis aos custos sociais da produção capitalista e à falta de acesso aos "comuns" (common goods) necessários à sua reprodução sociocultural. Diversos movimentos populares, historicamente engajados na luta anticolonial e anticapitalista, seguem lutando em defesa dos territórios e pela democratização da gestão dos recursos de uso comum. Resistindo à matriz - opressão colonial/capitalista/heteropatriarcal, esses movimentos constituem-se como sujeitos decoloniais e de conservação dos seus territórios, mantendo vivas visões distintas das hegemônicas; outras formas de coexistirem junto ao não-humano, formando comunidades interespécies. O papel das mulheres nesses conflitos ambientais é fundamental, normalmente participando na liderança da resistência. Dessa maneira, o presente projeto tem como objetivo conhecer a percepção das pescadoras artesanais, nas reservas marinhas federais do Brasil, como sujeitos decolonial frente às crises ecológicas inerentes ao sistema capitalista neoliberal, além de constatar se o relacionamento dessas pescadoras com ambiente natural, mediado pelo trabalho, contribui para a formação de comunidades interespécies. Para isso, será realizado um mapeamento das injustiças ambientais e das resistências dessas mulheres nesses territórios. Também serão conduzidas entrevistas junto aos atores sociais envolvidos, com foco principal nas pescadoras artesanais, de forma a perceber se essas pescadoras constituem movimentos decoloniais, ou seja, movimentos de resistência populares em defesa de seus territórios e seu modo de existir.