Oficina | Roda de Saberes

Há palavras que não falam. Gritam. Reflexões sobre palavras, saberes e metodologias insurgentes

17 de fevereiro de 2020, 14h30

Sala 2, CES | Alta

Enquadramento

Todxs nós que nos dedicamos às ciências sociais sentimos em muitos momentos da nossa investigação e da nossa escrita que há muitas palavras que não falam o que queremos dizer. Há outras que gritam mas temos que as dispensar porque não podem ser admitidas na quietude disciplinada da academia. Há ainda muitas palavras proibidas porque não se dedicam à insípida ideia da neutralidade. Enfim, o nosso trabalho como cientistas sociais, é sempre uma espécie de jogo, dança ou combate com as mais diversas palavras e as formas de serem, ou não, ditas e escritas.

Além disso, todxs nós sabemos que as palavras, ditas e escritas, são muitas vezes a mais imperfeita das linguagens humanas. São escassas nos sentidos que as habitam, estão cheias de impurezas e, muitas vezes, recusam-se a dizer as coisas, as emoções, os verbos, e os substantivos. Por maioria de razão, quando a nossa escrita usa os corpetes da academia, as nossas redondas carnes ficam impedidas de respirar; os suspiros têm que ser contidos assim como os nossos bocejos. E quando se trata de perguntar ou de tratar o espanto e o mistério então, nesses casos, sabemos que essas palavras conquistadas pela academia são a face mais empobrecida das nossas línguas e linguagens. E nos contristamos. Os caminhos para o mar rebelde das palavras que dizem são-nos fechados e precisamos de os abrir com a força e a energia que nenhuma disciplina tem: a sabedoria.

Nesta Roda de Saberes, quero propor-vos uma experiência de construção de conhecimentos a partir de contos pensados e escritos em co-autoria com muitas mulheres com quem tenho feito muitos caminhos enquanto cientista social. Percebemos muitas vezes que há coisas que não conseguem ser ditas de outra forma a não ser usando palavras que gritam. E criámos contos que são a ficção e a realidade tudo junto e sem separações nem divórcios. Através de alguns desses contos escolhidos sugiro fazermos o seguinte exercício:

- Pensarmos juntxs nas fronteiras que temos e que queremos romper na produção de conhecimentos na academia
- Abrir a biblioteca de contos e ler colectivamente alguns dos seus livros
- Identificar algumas das aprendizagens realizadas e para que nos podem servir
- Escrever os nossos próprios contos-livros

NOTA: Esta oficina está limitada a 25 participantes, que serão aceites por ordem de chegada.

Oficina organizada no âmbito do Ciclo de Metodologias "Roda de Saberes"

Esta sessão será dinamizada por Teresa Cunha (CES) | Contacto: rodadesaberes@ces.uc.pt

 


Ciclo de Metodologias

Roda de Saberes II