O MODELO AGRÍCOLA E A INTEGRAÇÃO DOS ESPAÇOS RURAIS PERANTE A REESTRUTURAÇÃO DA SOCIEDADE PORTUGUESA
Reconhecendo as profundas mudanças que estavam a ocorrer no espaço rural, na atividade económica dos agricultores, no padrão de vida das famílias agrícolas e na própria relação entre rural e urbano, o estudo
pretendeu reavaliar o papel da agricultura e dos espaços rurais na economia e na sociedade portuguesa, tendo em conta os impactos da integração europeia, as estratégias dos agricultores para se furtarem a uma
incorporação adversa pelo mercado e os efeitos da marginalização dos pequenos agricultores familiares.
Ao longo da década estudada (1986-1996) os produtores agrícolas viram agravada a sua situação económica, sendo que as dificuldades atingiram mais fortemente as pequenas explorações familiares que, numa proporção elevada, foram obrigadas a desaparecer. A crescente separação entre a agricultura e outros setores da economia levou a que as estratégias para valorização da mão-de-obra, que ligavam a pequena agricultura a formas de industrialização e urbanização difusa, deixassem de funcionar.
Por isso, aquela década foi também palco de uma elevada conflitualidade agrária. A análise aprofundada desses conflitos mostrou que, apesar do seu radicalismo, os protestos não conseguiram reverter as tendências para a queda dos preços agrícolas que a adesão europeia tinha provocado.