ESTRUTURAS DE CLASSE E TRAJECTÓRIAS DE CLASSE EM PORTUGAL
Proceder a um levantamento e análise sistemática da estrutura de classes e processos de mobilidade social em Portugal com base no modelo analítico de Erik Olin Wright e ao mesmo tempo estabelecer comparações
internacionais com outros países incluídos na mesma base de dados realizada a partir da Universidade de Wisconsin-Madison/EUA.
A tipologia neo-marxista que utilizámos neste estudo foi complementada com referências a outras correntes, nomeadamente de inspiração weberiana e em Pierre Bourdieu. Os resultados permitiram ilustrar um
conjunto de contrastes e de linhas divisórias entre categorias de classe e ao mesmo tempo comprovar a não coincidência entre “posições” de classe e “consciência de classe”, o que atesta a falência da ortodoxia na explicação da realidade. Questões relacionadas com identidade, subjetividade, práticas de lazer e envolvimento em formas de associativismo e de ação coletiva foram algumas das dimensões a que este projeto deu visibilidade. A diversidade de posições (objetivas e subjetivas) sobretudo no seio de categorias contraditórias (incluídas na classe média) mostraram a relativa fragilidade dessas categorias e ao mesmo tempo os intensos processos de mudança, com trajetórias de mobilidade social em ambos os sentidos.
O peso estatístico das camadas “proletarizadas” da população foi um outro dado que este estudo revelou ainda na década de 1990, antecipando assim uma tendência que se comprovou na última década.