Pedagogias Revolucionárias? História dos projetos de educação em Angola e Moçambique (1960-1980)
Apresentação
O principal objetivo do projeto EDU-AM - pedagogias revolucionárias: história dos projetos educativos em Angola e Moçambique (1960-1980) – está centrado no estudo das experiências pedagógicas revolucionárias da África Austral, com enfoque nas raízes, conflitos e impactos associados às tentativas de implementação de projetos consideráveis de ensino público e de uma educação revolucionária para a cidadania.
A novidade deste projeto, centrado numa interdisciplinar estrutura-se em torno a 2 questões:
- expor o percurso da educação e do pensamento político em Angola e Moçambique, tendo em atenção tanto a especificidade do contexto como das fontes vernáculas, além do mundo anglófono e francófono;
- interrogar os equívocos da canonização da ‘educação socialista revolucionária’ no singular, abrindo caminho para uma reflexão aprofundada, com participantes no processo, sobre o impacto deste processo educativo.
Estas perguntas ajudarão a desvendar experiências de cidadania que criaram 'novos' sujeitos nas sociedades pós-coloniais, e, em termos de escrita de história, no aprofundar do sentido das vidas pós-império, incluindo as lutas por ruturas radicais com heranças coloniais, numa perspetiva histórica, cultural e política.
Numa altura em que a história pública de Angola e Moçambique ainda é dominada por recontos do passado colonial e da luta nacionalista anticolonial, e quando a lente internacional continua centrada na Guerra Fria/violência civil pós-independência, este projeto pretende ir mais além, ao buscar compreender o alcance político das opções educativas no âmbito dos projetos revolucionários desenvolvidos nesta parte do mundo, vistos também como um projeto alternativo, vernacular, de cidadania. Angola e Moçambique, que alcançaram a independência em 1975, no rescaldo de uma luta nacionalista sangrenta, integravam o subsistema colonial-capitalista regional na África Austral; ao longo desta luta, foram estabelecidas ligações políticas, aprofundaram-se teorizações, promoveram-se inovações políticas. A raiz dos novos projetos educativos, em Angola e em Moçambique, pode ser rastreada até à luta de libertação armada, e incluiu o apoio de forças progressistas de diferentes contextos e a colaboração com países socialistas (europeus, asiáticos e Cuba).