Debate

«A Fábrica de Nada» de Pedro Pinho

27 de setembro de 2017, 17h00

Sala 2, CES | Alta

Resumo

Nos últimos tempos, vários países europeus assistiram a uma proliferação de fábricas em autogestão. Onde os limites do capitalismo se tornaram mais evidentes, a força coletiva dos trabalhadores mostrou ser o seu melhor potencial, permitindo a recuperação de centenas de empresas em crise.

Pelas suas conotações económicas, sociais e políticas, o fenómeno captou o interesse e a imaginação de muitos realizadores, guionistas e produtores cinematográficos. Tanto na sua versão documental quanto argumental, o cinema oferece retratos vivos da luta tenaz dos trabalhadores que assumem o controle da empresa para preservarem a sua fonte de emprego.

Esta série de atividades, organizadas pelo Núcleo de Políticas Sociais, Trabalho e Desigualdades (POSTRADE) do Centro de Estudos Sociais (CES) e pela Coordenação do Programa de Doutoramento em Relações de Trabalho, Desigualdades Sociais e Sindicalismo da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra/CES, estabelece um diálogo entre o cinema e a academia. Usando a abordagem artística como um pretexto para o debate científico, os seminários discutem os desafios e as oportunidades inerentes à recuperação e gestão de empresas pelos trabalhadores.


Programa desta sessão

Na primeira sessão do ciclo debate-se o filme "A Fábrica de Nada", vencedor recentemente do prémio FIPRESCI, da Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica, na Quinzaine des Réalisateurs, em Cannes e do prémio CineVision, no Filmfest de Munique. Este filme estará em exibição nas salas de cinema de Coimbra a partir de 21 de setembro, não sendo a versão completa projetada durante o seminario (duração 177 min.)

O seminário é organizado em parceria com a produtora Terratreme. Contará com a participação do realizador, do produtor e de membros do coletivo que produziu o filme, e será moderado por Andrés Spognardi, investigador do Centro de Estudos Sociais.

"Uma noite um grupo de operários percebe que a administração está a roubar máquinas e matérias-primas da sua própria fábrica. Ao decidirem organizar-se para proteger os equipamentos e impedir o deslocamento da produção, os trabalhadores são forçados - como forma de retaliação - a permanecer nos seus postos sem nada que fazer enquanto prosseguem as negociações para tentam segurar os postos de trabalho, através de uma solução de autogestão coletiva, e evitar, assim, o encerramento de uma fábrica e os despedimentos. A pressão leva ao colapso geral dos trabalhadores, enquanto o mundo à sua volta parece ruir."

A “A Fábrica de Nada” é um filme ficcional baseado nesta estória vivida por um grupo de operários, alguns dos quais participaram no filme, que nos permite refletir sobre o papel do trabalho quando a crise económica é aproveitada para sujeitar os trabalhadores a condições de trabalho indignas e a uma enorme insegurança. 

[ Sobre o filme: «Não há redenção à vista. Vamos cantar?», Artigo de Vasco Câmara, Público, 17 de maio de 2017]