Seminário | Ciclo 'As Tramas da Memória: datas para contar'

Memórias e vivências timorenses do 25 de abril e do período de 1974/75

Bernardina Alves

Fátima Guterres

Lídia Araújo

Luís Costa

29 de novembro de 2023, 15h30 (GMT)

Evento em formato digital

Moderação: Lúcio Sousa (UAb) e Marisa Ramos Gonçalves (CES)


Enquadramento

Este seminário insere-se no ciclo As Tramas da Memória: datas para contar organizado pela coordenação da linha de investigação Europa e o Sul Global: patrimónios e diálogos. O ciclo visa assinalar e refletir sobre datas menos sonoras, mas igualmente determinantes para a construção do 25 de Abril de 1974 e das independências dos países africanos de língua oficial portuguesa e de Timor-Leste. Os seminários decorrem on-line, sempre que possível na data a assinalar, todos os meses, ao longo de 2023.

Nesta mesa-redonda de testemunhos, quatro timorenses com experiências na resistência civil em Timor- Leste e Portugal — Fátima Guterres, Bernardina Alves, Lídia Araújo e Luís Costa — abordam as suas vivências desse período na primeira pessoa: as expetativas em torno do 25 de abril, o processo descolonização, o conflito interno e o abandono de Portugal do território, que culminaram na proclamação unilateral da independência de Timor-Leste pela FRETILIN, a 28 de Novembro de 1975, antecipando a invasão iminente pela Indonésia.

Este painel integra o Colóquio O 25 de abril em Timor-Leste: Proclamação unilateral da independência em 1975 (online e presencial) que decorre na Fundação Mário Soares Maria Barroso (Lisboa)


Notas Biográficas

Fátima Guterres nasceu em Timor-Leste. A 7 de Dezembro de 1975, no momento da invasão Indonésia de Dili, foge para as montanhas. Foi responsável da OPMT (Organização Popular da Mulher Timorense) e Secretária do COMDOP (Comando Operacional das FALINTIL). Em 1979 foi capturada em combate pelo exército indonésio, ficando sujeita à prisão e à tortura. Consegue em 1987, por intermédio da Cruz Vermelha Internacional, vir com a família para Portugal. Em Portugal continua o trabalho em prol da luta do povo timorense. Foi Vice-secretária da OPTT (Organização Popular dos Trabalhadores Timorenses) e colaborou, de 1989 a 1998, nas Jornadas de Timor-Leste da Universidade do Porto. Participa em debates e seminários um pouco por todo o país, tendo em 1997 participado na 8ª Conferência Internacional Mulher e Saúde no Rio de Janeiro e numa série de debates e conferências em S. Paulo. Autora de vários livros, com destaque para o livro autobiográfico Timor - Paraíso Violentado (2014) e Naha Mauk, Os Dias Eram Assim (2023).

Bernardina Alves nasceu em Timor-Leste. Refugia-se nas montanhas na invasão do exército indonésio em 7 de Dezembro de 1975. Na resistência era coordenadora e Assistente geral da OPMT, tendo trabalhado com o Presidente Nicolau Lobato na resistência. Foi capturada e presa pelos militares indonésios. Conseguiu sair de Timor com a família através da Cruz Vermelha Internacional. Em Portugal participou e contribuiu com os seus testemunhos na luta pela independência de Timor nos encontros com os grupos de solidariedade nacional e internacional.

Lídia Araújo é natural de Timor-Leste. Foge para as montanhas aquando da invasão Indonésia no dia 7 de Dezembro de 1975. Na resistência assume o cargo de responsável da OPMT. Durante o cerco e aniquilamento 78/79, foi capturada num dos assaltos das tropas indonésias e presa três anos. Durante este período era obrigada a apresentar-se três vezes por semana na INTEL, Serviços de Inteligência indonésia. Veio para Portugal em 1990, com o marido que tinha sido preso em Jacarta através da Cruz Vermelha Internacional e da Amnistia internacional. Em Portugal contribui na luta para a independência de Timor-Leste junto dos grupos de solidariedade.

Luís Costa nasceu no ano de 1945 em Fatu-Berliu, Timor-Leste. Fez o curso de Humanidades e Filosofia em Évora e o curso de Teologia em Leiria. Ordenado sacerdote em dezembro 1973, em novembro de 1974 regressa a Timor e é colocado como colaborador na missão de Ossú. De janeiro de 1976 a março de 79 esteve nas montanhas com a resistência. Desde 1984, é membro do Comité da Fretilin na Diáspora, colaborando em atividades pela causa timorense. É Professor de tétum e cultura timorense, investigador, autor de obras como o Dicionário Tétum-Português (2000), Guia da Conversação Português-Tétum (2001), Borja da Costa - Selecções de Poemas (2010), Língua Tétum: Contributos para uma Gramática (2015) e Ué-Lenas - Lenda de Timor Lorosa’e (2018).

Lúcio Sousa é Professor auxiliar no Departamento de Ciências Sociais e de Gestão da Universidade Aberta (UAb). Investigador integrado do Instituto de Estudos de Literatura e Tradição (IELT-FCSH-UNL) e investigador associado externo do Centre for Refugee Studies (CRS), York University - Toronto. Doutorado em Antropologia Social pela UAb (2010) com uma tese sobre a prática ritual e a organização social entre uma comunidade de língua Bunak no distrito de Bobonaro em Timor-Leste. A investigação sobre Timor-Leste centra-se nas práticas rituais e a cidadania, a etnografia em contexto colonial e as políticas de cultura. Desde 2011 leciona e investiga sobre migrações forçadas e refugiados - tema da sua dissertação de mestrado, em 1999.

Marisa Ramos Gonçalves é investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, contratada no âmbito do Programa de Estímulo ao Emprego Científico (CEEC-IND) da FCT e docente num programa de doutoramento do CES/FEUC. É doutorada pela Universidade de Wollongong (Austrália) na área de história e direitos humanos. Atualmente tem em curso o projeto de investigação "Histórias transnacionais de solidariedades no Sul – outros conhecimentos e lutas por direitos no espaço do Oceano Índico”, em Timor-Leste e Moçambique (CEEC-IND). Os temas que desenvolve debruçam-se sobre os lugares de intersecção entre a história e memória, estudos pós-coloniais, educação, sistemas de conhecimento no Sul Global, em particular em Timor-Leste e na região Ásia-Pacífico, temas sobre os quais tem várias publicações.

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ID: 956 9351 7205

Agradecemos que todas/os as/os participantes mantenham o microfone silenciado até ao momento do debate. A/O anfitriã/ão da sessão reserva-se o direito de expulsão da/o participante que não respeite as normas da sala.

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