Oficina
Colonialismo Português em Perspetiva: História, Legados e Memórias
12 de novembro de 2019, 10h00
Sala 1, CES | Alta
Resumo
Um dos aspectos mais críticos na forma como se pensa tanto a história como a experiência moderna do colonialismo europeu prende-se com a indagação das dinâmicas de continuidade e ruptura que marcaram as transferências de poder que se operaram naquilo que se convencionou denominar descolonização, com todas as limitações que o conceito comporta.
Esta oficina procura contribuir para uma reflexão sobre os lastros do colonialismo português tanto nas sociedades previamente colonizadas como na antiga metrópole. Fá-lo reunindo um grupo de jovens investigadores/as que, através de casos de estudo, procura promover um diálogo que supere a cesura do colonial/pós-colonial. Para esse efeito, debruçam-se sobre diferentes geografias e cronologias, a partir de variados tópicos de investigação, que se estendem desde a arquitectura e urbanismo coloniais às manifestações culturais e artísticas, passando por fenómenos como a crescente internacionalização da questão imperial ou a organização do poder estatal na sua longa duração.
Crê-se, com esta oficina, que os “legados” do processo de ocupação, exploração e sedimentação imperial, nas suas manifestações sociais, políticas, ideológicas, culturais ou artísticas, por exemplo, podem beneficiar de uma reflexão colectiva com diferentes pendores metodológicos, epistemológicos e teóricos. Em particular, esta reflexão pode contribuir para um debate que, a partir de diferentes escalas analíticas e geográficas, permita pensar o colonialismo português e as suas heranças de forma integrada, sublinhando as dinâmicas de recíproca co-constituição entre metrópole e colónia, entre antigo estado colonizador e estados pós-coloniais. Em suma, que permita desnudar as dinâmicas de trânsito, cooperação, emulação e competição estabelecidas para lá de estritas fronteiras soberanas ou estatais.
Nesse sentido, esta oficina convida os/as participantes a apresentarem as suas investigações enquadrando-as num conjunto de questões que centrem interesse e indagações comuns:
- O colonialismo português e os seus legados podem ser pensados isolando as diferentes parcelas imperiais? O que se ganha e o que se perde com esta opção analítica e/ou epistemológica?
- Que processos sociais específicos da dominação colonial impenderam, foram cooptados ou liminarmente rejeitados pelos novos estados independentes? De que forma o binómio continuidade/ruptura opera não só na história, mas na constituição das diferentes memórias nas quais se inscreve este passado?
- De que forma o passado e o presente desta “transição” procurou isolar elementos “especificamente” nacionais, obscurecendo outro tipo de processos e dinâmicas?
- De que modos a natureza do “estado colonial” impendeu sobre as dinâmicas sociais, culturais e políticas das novas nações pós-coloniais?
- Como foram incorporadas as memórias sobre continuidades e descontinuidades com o passado colonial nos discursos políticos e de produção artística e cultural?
Intervenientes: Ana Balona de Oliveira (IHA-FCSH/NOVA), Ana Guardião (ICS-UL), Cláudia Almeida (ICS-UL), Marcos Cardão (CEC-FLUL), Natália Bueno (CES-UC), Pedro Cerdeira (UGenebra e IHC-FCSH/NOVA), Rita Lucas Narra (IHC-FCSH/NOVA), Sofia Palma Rodrigues (CES-UC e Divergente.pt)
Organização: Inês Nascimento Rodrigues, José Pedro Monteiro e Vasco Martins (CES)
Esta oficina é cofinanciada pelo FEDER - Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional através do COMPETE 2020 - Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (POCI) e por fundos nacionais através da FCT - Fundação para a Ciência e
a Tecnologia, no âmbito do projeto “WUD | Os mundos do (sub)desenvolvimento: processos e legados do império colonial
português em perspectiva comparada (1945-1975)” (PTDC/HAR-HIS/31906/2017 | POCI-01-0145-FEDER-031906).