Construindo Redes através da criação artística

Qual é o problema?

De que forma pode a atividade artística contribuir para refundar as bases da cidadania e da democracia? De que forma a atividade cultural e artística promove a sustentabilidade urbana de cidades de média dimensão e pequenas cidades do interior? Estas são algumas das perguntas que têm levado académicos e profissionais das artes a juntarem-se no sentido de desenvolverem trabalhos colaborativos que unam o saber científico às práticas artísticas. Estas experiências colaborativas, que integram múltiplas dimensões das nossas sociedades; artística, cultural, cívica e académica, procuram facilitar uma conceção integrada das questões sociais e culturais e da sua relação com os espaços urbanos e os territórios da sua envolvência mais próxima. Para tal é necessário encontrar formas de articular o conhecimento académico e não académico e desenvolver, de forma colaborativa, estratégias e metodologias que possam transformar os territórios em zonas mais atrativas, menos empobrecidas e cultural e socialmente mais ativas e interventivas.

O que estamos a fazer?

O projeto Rede Artéria, coordenado academicamente pelo CES e artisticamente pelo Teatrão (Companhia Profissional de Teatro de Coimbra), apresenta uma proposta de trabalhar com um conjunto de parceiros e colaboradores que representam eles próprios uma radiografia das comunidades urbanas em causa, fomentando a necessidade de circulação de informação e trabalhando na capacidade de mobilização dessas mesmas comunidades, transformando territórios meramente geográficos em comunidades relacionais. Nesta dinâmica o projeto incluiu um conjunto de cidades da Região Centro de Portugal, abarcando não só a zona litoral – Coimbra e Figueira da Foz, mas também a zona mais interior – Fundão, Tábua, Viseu, Belmonte, Guarda e Ourém. O objetivo é a criação de uma dinâmica cultural regional que tenha um impacto social local, podendo oferecer uma proposta de mudança ao nível da Região Centro e da sua relação com o território nacional e internacional.
O projeto é construído na base de três tarefas centrais, onde trabalhos como o mapeamento cultural, comunitário e participativo terão lugar, com o objetivo de compilar e avaliar as melhores práticas.
O plano de trabalho integra ainda a implementação de laboratórios de pesquisa com um conjunto de parceiros relevantes (investigadores, agentes culturais, artistas e municípios), onde o objetivo final é implementar processos de co-criação para o desenvolvimento de projetos artísticos de intervenção de carácter participativo que tenham como ponto de partida os recursos culturais e patrimoniais (materiais e imateriais) de cada território Artéria.

O que procuramos que aconteça?

Em particular, a monitorização científica do projeto Artéria nas diferentes cidades pretende desenvolver uma relação entre este acompanhamento académico e os processos de criação artística. Esta monitorização implica o desenvolvimento de uma metodologia de investigação-ação com duas vertentes.
A primeira vertente é uma vertente pedagógica, que pressupõe a integração de alunos/as das Instituições Académicas parceiras e dos seus trabalhos académicos nos processos artísticos de criação a decorrerem nas cidades Artéria. A segunda vertente (a vertente da investigação-ação) integra o acompanhamento dos processos de criação artística pelas equipas de investigadores associadas. O Mapeamento Cultural é aqui concretizado na sua direta ligação com os processos de criação artística, assumindo o próprio processo de investigação-ação uma dupla função: análise social e intervenção direta para influenciar a transformação da realidade social e cultural. Por outro lado, deve também desenhar acompanhamento científico que se interligue com os processos da criação e apresentação artística, tal como levantamento sociocultural dos públicos, processo este que implica a utilização paralela de diferentes metodologias de recolha de informação sobre os públicos da ‘Rede Artéria’. Os processos associados à criação são também alvo deste trabalho de monitorização. Ao longo de todo o processo de ensaio da criação nova realizamos uma monitorização qualitativa do processo de construção de cada criação/intervenção. No final do projeto, temos como objetivo produzir um conjunto de materiais de divulgação e de produtos finais com vista a valorizar a criação artística, articulando estes processos com os materiais produzidos cientificamente, como relatórios, artigos científicos, teses de mestrado, livros, entre outros.
Durante o ano de 2018, decorreram processos de criação de projetos artísticos de intervenção em cinco cidades (Coimbra, Fundão, Guarda, Figueira da Foz e Ourém). Cada um destes projetos circulou por mais três cidades da Rede Artéria. O primeiro espetáculo estreou a 30 de junho de 2018, numa das principais artérias da cidade de Coimbra. “Sofia, Meu amor!” centrou-se na relação da Rua da Sofia com todos os que a habitam e a frequentam.
Este ano, decorre em Viseu “Borralho - Festival de Inverno para Pequenas Peças à Beira do Fogo”, onde o regresso de Ulisses é adaptado à região de Viseu, e onde as personagens recebem os espectadores em casas de moradores do Bairro Municipal de Viseu, da Várzea de Calde, de Aval e de Silgueiros de Bodiosa, que serão transformados para imaginar como seria esta história, se tivesse acontecido em Viseu.


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