Teses Defendidas

The 2003 Bush's rejection of a "Grand Bargain" and the 2009 Obama's openings. The Iran nuclear deal as a US foreign policy case study

Noemi Maria Rocca

Data de Defesa
24 de Março de 2021
Programa de Doutoramento
International Politics and Conflict Resolution
Orientação
Maria Raquel Freire
Resumo
Esta tese centra-se na política dos EUA em relação à República Islâmica do Irão (RII) durante as administrações de G. W. Bush e Obama. Em particular, investiga o processo de tomada de decisão que levou à rejeição de uma solução abrangente para as negociações diplomáticas relativas ao programa nuclear iraniano em 2003, mas oferecendo depois uma abertura a Teerão em 2009. O acordo foi aceite pelo regime iraniano e negociado gradual e bilateralmente entre Teerão e Washington até novembro de 2012, altura em que passou a quadro diplomático multilateral, os chamados "Cinco mais Um", composto por cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas mais os da União Europeia e da RII. Estas negociações diplomáticas levaram ao acordo final de julho de 2015, o "Plano de Ação Conjunta Global". Esta investigação teve necessariamente em conta a história das relações Teerão-Washington, cuja natureza mudou durante a Administração Carter em consequência da transformação do Irão numa república islâmica. A documentação consultada revela que uma linha de comunicação secreta entre Washington e os novos governantes islâmicos existiu sempre desde a revolução de 1979, permitindo a ambos os países uma cooperação mutuamente benéfica no curto prazo. O argumento central desta tese é que, desde 2002, a forma como os EUA têm lidado com Teerão e com o seu programa nuclear se têm caracterizado por políticas de poder, mais do que por objetivos de resolução de conflitos. De facto, durante a administração Bush várias soluções possíveis para a resolução do impasse nuclear foram prejudicadas pela existência de uma fação dentro do Poder Executivo dos EUA convencida de que, para obtenção da supremacia americana na região do Médio Oriente - Golfo Pérsico, não se deveria conceder a Teerão a possibilidade de alcançar o estatuto de player regional. Em contrapartida, durante a administração Obama esse mesmo objetivo de longo prazo deu-se via o reforço e reconhecimento de um papel regional para os Iranianos. Desta forma, a disputa nuclear foi central para qualquer uma destas abordagens opostas das duas sucessivas administrações dos EUA. Em relação ao quadro teórico de análise, foram consideradas as Teorias de Politica Externa, uma vez que esta abordagem teórica permite enquadrar a tomada de decisão de política externa, como um processo multicausal, num referencial de modelo burocrático de políticas. Relatos da política dos EUA em relação a Teerão, escritos por ex-funcionários, bem como documentos tornados públicos pelos meios de comunicação, nos anos de 2006-2007, dando conta da "grande negociação" que teria sido feita entre os EUA e a RII em 2003, forneceram uma riqueza de iv fontes primárias. A presente investigação pretende trazer essencialmente duas contribuições. Em primeiro lugar, aumentar o conhecimento sobre a forma como as estratégias dos atores envolvidos, juntamente com outras variáveis estruturais internas e internacionais, interagem para produzir resultados na forma de políticas externas. Em segundo lugar, permitir uma melhor compreensão da influência dos grupos de interesse no processo de tomada de decisão da política externa dos Estados Unidos, em particular em relação à Republica Islâmica do Irão.

Palavras-chave: Política externa dos EUA; Política dos EUA para o Irão; Acordo Nuclear com o Irão; grupos de interesse; modelo de política burocrática