Teses Defendidas

Definindo "Refugiados" e a sua proteção: da construção da categoria às suas implicações para a(a) política(a) de asilo da União Europeia

Ana Filipa Neves

Data de Defesa
18 de Abril de 2023
Programa de Doutoramento
International Politics and Conflict Resolution
Orientação
Daniela Nascimento
Resumo
A ideia que deu o mote à tese visava pensar o refugiado além do seu tradicional enquadramento estatocêntrico e, nesse sentido, compreender os "problemas" da pessoa que, pela violência que lhe é infligida, se torna refugiada, ultrapassando o entendimento do refugiado como "problema" que urge solucionar. É com este intuito de concetualização do refugiado como sujeito moral e justo titular de proteção internacional que o sustentáculo teórico no normativo-cosmopolitismo se torna evidente, acompanhado, de forma paralela, por premissas construtivistas que viabilizam a compreensão das razões conducentes à clivagem entre a assunção no pós-Segunda Guerra Mundial de um dever moral, tornado obrigação jurídica, de proteção das pessoas refugiadas e a sua negação, hoje, no espaço comunitário europeu. A União Europeia que se constituiu com base em princípios humanistas e se 'diz' potência normativa, 'faz' uso de um discurso que constrói os refugiados como ameaça e, consequentemente, conduz a práticas-políticas que visam, não a proteção da pessoa refugiada, mas a proteção da UE contra a "ameaça-refugiada". Argumentamos, assim, que a evolução da concetualização de refugiado conduziu a que, na União Europeia, o ímpeto das políticas de asilo não seja o de proteção dos refugiados, mas sim de contenção e de controlo de fluxos de migrantes assente numa lógica de exclusão. Pelo mapeamento do processo constitutivo do conceito de refugiado e da norma ético-jurídica de proteção que lhe subjaz, analisamos as razões pelas quais a normatividade humanista da proteção internacional dos refugiados se encontra esvanecida no contexto comunitário europeu, problematizando a sua recuperação pela (re)concetualização do refugiado enquanto pessoa cuja proteção lhe é devida.

Palavras-chave: Refugiado; Proteção internacional; Cosmopolitismo; União Europeia