Teses Defendidas

Não identidades que definem: para uma leitura contrapontual da antropofagia a partir da literatura brasileira de autoria negra

Dea Merlini

Data de Defesa
25 de Julho de 2022
Programa de Doutoramento
Pós-Colonialismos e Cidadania Global
Orientação
Catarina Martins
Resumo
Este projeto pretende construir um contraponto entre os campos semânticos da Antropofagia e da literatura brasileira de autoria negra, coligando-as respetivamente com os imaginários da mestiçagem e da consciência negra, para interrogar os processos de construção e negociação de uma ideia de nação brasileira. A metáfora da "antropofagia", cunhada por Oswald de Andrade para simbolizar o processo de apropriação da cultura do colonizador pelos colonizados, foi revolucionária por ter colocado uma identidade heterogénea, fluida e anticartesiana como sendo o cerne da nacionalidade brasileira. Isto parecia desconstruir um ideal eurocêntrico de nação, em que esta era concebida como fixa e homogénea, mas, ao mesmo tempo, abria possibilidades para conceptualizar mecanismos muito refinados de governo das diferenças. O imaginário antropofágico encontra hoje possibilidades de questionamento e de deslocamentos dentro da literatura produzida por escritores e escritoras afrodescendentes. Estes/as remetem-se a formas de essencialismo estratégico, retomando a discussão sobre a identidade brasileira a partir da perspetiva de sujeitos racial e etnicamente marginalizados dentro da sociedade, bem como na narrativa nacional.

Palavras-chave: autoria, raça, nação, cânone literário, Epistemologias do Sul