Seminário

Cidades rebeldes: as manifestações de junho no Brasil

Ruy Braga (Universidade de S. Paulo)

20 de fevereiro de 2014, 11h00

Sala Keynes, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

Resumo

As chamadas "Jornadas de Junho" que aconteceram no Brasil em 2013 modificaram profundamente a conjuntura política do país. De um aparente estado de desmobilização dos movimentos sociais e de satisfação popular com os diferentes governos, passamos subitamente à maior mobilização popular da história brasileira: segundo os institutos de pesquisa de opinião pública, aproximadamente 7 milhões de pessoas saíram às ruas durante os meses de junho e de julho a fim de exigir mais e melhores serviços públicos de educação e saúde, além de investimentos em mobilidade urbana. As várias interpretações surgidas no debate acadêmico tenderam, até o momento, a subestimar a relação conflituosa entre o atual regime de acumulação financeirizado e o modo de regulação dos conflitos sociais criado pelos sucessivos governos do Partido dos Trabalhadores, concentrando-se em analisar a revolta contra a corrupção ou enfocar as demandas por mais democracia. Em nossa apresentação, argumentaremos que as Jornadas de Junho alimentaram-se das contradições criadas e ampliadas pelo atual modelo de desenvolvimento pós-fordista e semiperiférico, assim como da desaceleração econômica experimentada pelo país após 2010


Nota biográfica

Ruy Braga
é sociólogo e professor livre-docente da Universidade de São Paulo. Realizou Mestrado em Sociologia e Doutoramento em Ciências Sociais na Universidade Estadual de Campinas. Livros mais recentes: A política do precariado: do populismo à hegemonia lulista. São Paulo: Boitempo, 2012. Hegemonia às avessas: Economia, política e cultura na era da servidão financeira (com Francisco de Oliveira e Cibele Rizek) São Paulo: Boitempo, 2010; Por uma sociologia pública (com Michael Burawoy), São Paulo: Alameda, 2009; Infoproletários: Degradação real do trabalho virtual (com Ricardo Antunes), São Paulo: Boitempo, 2009.


Atvidade no âmbito do Programa de Doutoramento "Relações de Trabalho, Desigualdades Sociais e Sindicalismo" e do Núcleo de Estudos sobre Políticas Sociais, Trabalho e Desigualdades (POSTRADE)