Teses Defendidas
O que pode uma ciência?: epidemiologia, conhecimentos populares e crise ecosocial no sul do Chile
21 de Junho de 2021
Pós-Colonialismos e Cidadania Global
João Arriscado Nunes
e
Paul Hersch Martinez
A epidemiologia sociocultural é uma corrente teórico-metodológica que emerge do pensamento sanitário latino-americano com base numa crítica da epidemiologia convencional, considerada ineficaz na articulação de respostas sociais transformadoras às persistentes injustiças sanitárias. Apesar dos seus interessantes desenvolvimentos epistemológicos, conceptuais e metodológicos, está praticamente ausente do campo disciplinar.
O objetivo desta pesquisa foi compreender e acompanhar as práticas de conhecimento da epidemiologia sociocultural no arquipélago de Chiloé, um grupo de 42 ilhas localizadas no sul do Chile. Recorrendo a uma abordagem etnográfica, foi realizado um trabalho de campo de 11 meses (2017-2018), onde foi feita uma observação participante levada a cabo em espaços de pesquisa-ação-pedagógica, com entrevistas semiestruturadas aos seus principais atores e análise das respetivas produções.
A epidemiologia sociocultural de Chiloé emerge nas duas primeiras décadas do século XXI
entre crises ecológicas, sociais e sanitárias produzidas por um modo nocivo de extrativismo.
Retoma os princípios políticos da Medicina Social/ Saúde Coletiva latino-americana e combina-os pragmaticamente com as propostas teórico-metodológicas da antropologia médica culturalista. As suas práticas de conhecimento baseiam-se na constituição de espaços de diálogo integrados por doentes, terapeutas, agentes de saúde e organizações comunitárias onde os conhecimentos dos processos de saúde-doença das diversas experiências e tradições (indígenas, populares e biomédicas) são traduzidos e articulados. Dois dos seus "modelos explicativos fundamentais" (equilíbrio/desequilíbrio-transgressão e autonomia/dependência), cujas raízes estão na visão de mundo Mapuche, aparecem como indispensáveis para tornar inteligíveis os seus processos de transformação ético-onto-epistemológica, as suas projeções e os seus limites.
Palavras-chave: epidemiologia sociocultural; processo saúde-doença; extrativismo; tradução
intercultural; Arquipélago de Chiloé
Data de Defesa
Programa de Doutoramento
Orientação
Resumo
O objetivo desta pesquisa foi compreender e acompanhar as práticas de conhecimento da epidemiologia sociocultural no arquipélago de Chiloé, um grupo de 42 ilhas localizadas no sul do Chile. Recorrendo a uma abordagem etnográfica, foi realizado um trabalho de campo de 11 meses (2017-2018), onde foi feita uma observação participante levada a cabo em espaços de pesquisa-ação-pedagógica, com entrevistas semiestruturadas aos seus principais atores e análise das respetivas produções.
A epidemiologia sociocultural de Chiloé emerge nas duas primeiras décadas do século XXI
entre crises ecológicas, sociais e sanitárias produzidas por um modo nocivo de extrativismo.
Retoma os princípios políticos da Medicina Social/ Saúde Coletiva latino-americana e combina-os pragmaticamente com as propostas teórico-metodológicas da antropologia médica culturalista. As suas práticas de conhecimento baseiam-se na constituição de espaços de diálogo integrados por doentes, terapeutas, agentes de saúde e organizações comunitárias onde os conhecimentos dos processos de saúde-doença das diversas experiências e tradições (indígenas, populares e biomédicas) são traduzidos e articulados. Dois dos seus "modelos explicativos fundamentais" (equilíbrio/desequilíbrio-transgressão e autonomia/dependência), cujas raízes estão na visão de mundo Mapuche, aparecem como indispensáveis para tornar inteligíveis os seus processos de transformação ético-onto-epistemológica, as suas projeções e os seus limites.
Palavras-chave: epidemiologia sociocultural; processo saúde-doença; extrativismo; tradução
intercultural; Arquipélago de Chiloé