Teses Defendidas

As histórias do depois: processos identitários na trajetória de moçambicanos "brancos" em Maputo e Tete após a independência de Moçambique

Fabrício Dias da Rocha

Data de Defesa
17 de Julho de 2018
Programa de Doutoramento
Pós-Colonialismos e Cidadania Global
Orientação
Maria Paula Meneses
Resumo
Esta tese de doutorado procura contribuir para o debate sobre processos de identificação em contextos pós-coloniais, dando especial atenção aos micro-processos de (re)construção identitária de indivíduos entendidos como "brancos" ou não-negros em Moçambique. Reconhecendo que a categoria "branco" em Moçambique é fluida e variável, e que há uma pluralidade de elementos (históricos, culturais, legais, etc.) que conformam os processos identitários neste contexto geopolítico, o foco deste trabalho examina a conformação de identidades de pessoas "brancas" na moderna história moçambicana. Desse modo, este trabalho busca perceber como a partir da transição para a independência de Moçambique (1973-1975), os sujeitos deste estudo, nomeadamente pessoas de tez mais clara, de ascendências diferenciadas, aqui designados como moçambicanos "brancos", vêm adequando suas pertenças sócio-identitárias nos últimos 40 anos da realidade do país.

Considerando o processo histórico de violência colonial que marcou Moçambique no século XX, pergunto: qual foi o lugar reservado aos "brancos" da ex-colónia, com o advento da independência, na jovem nação? Neste sentido, é válido sublinhar que a inclusão e a participação dos "brancos" no novo projeto político nacional de Moçambique, implementado com a sua emancipação em 1975, foi essencial para a sua consecução. Essa nova conjuntura foi importante para se compreender as negociações identitárias avançadas por estes moçambicanos ao longo das últimas décadas.

Para entender este projeto nacional, em um contexto africano, através de uma perspetiva pós-colonial, foi fundamental uma compreensão dos processos históricos, mas sobretudo a recolha e análise dos discursos biográficos dos sujeitos pesquisados por meio das narrativas orais em Maputo e Tete, a observação participante em contextos diversos e a recolha de documentos escritos em arquivos em Moçambique e Portugal. Para este fim, com contribuições teóricas dos estudos pós-coloniais e descoloniais, proponho uma reflexão crítica e interdisciplinar a respeito dos processos de identificação social no presente da realidade de Moçambique.

Palavras-chave: (Re)construção de identidades; Estudos pós-coloniais; Moçambicanos "brancos"; Moçambique; Processos de identificação social.