Aula Aberta | Programa de Doutoramento Pós-Colonialismos e Cidadania Global

O impacto e contribuição das mulheres para as artes e culturas de Timor-Leste contemporâneo

31 de maio de 2024, 10h00-11h30

Sala 2.1, Faculdade de Economia da UC

As mulheres têm sido, ao longo dos vários períodos históricos, protagonistas de movimentos no Sul Global pela justiça social e pelo reconhecimento das cosmologias dos seus povos, encontrando nas expressões culturais e artísticas meios privilegiados para comunicar e produzir conhecimentos sobre as suas histórias e identidades culturais. Em Timor-Leste, Maria Madeira, professora de artes e artista plástica com presença nos circuitos internacionais de arte contemporânea, tem sido uma intérprete e curadora destas histórias que carregam múltiplas violências coloniais, conhecimentos e culturas ancestrais, em particular das mulheres ('foremothers') timorenses.
As obras de arte visual da Maria Madeira foram predominantemente criadas utilizando materiais e símbolos tradicionais de Timor-Leste, como a noz de bétel.

As suas pinturas e esculturas têm-se centrado principalmente na cultura e na história de Timor-Leste, utilizando estilos, métodos e técnicas ocidentais. Nesta aula, a artista timorense pretende contribuir para uma compreensão mais ampla da relação entre as artes e ofícios tradicionais e as práticas contemporâneas artísticas, com destaque para o impacto das mulheres timorenses nas artes dos têxteis, cestaria, cerâmica e artes performativas.

A apresentação é realizada a partir da posição ativa da investigadora nestes desenvolvimentos, como artista visual e mulher timorense, apresentando uma nova perspetiva sobre o discurso existente no país, que tem subalternizado as práticas artísticas das artistas visuais contemporâneas face ao discurso artístico e cultural predominante.
 

Instalação/performence "Kiss and Don't Tell": Fotografia: Juventino Madeira. Cortesia da Galeria Anna Schwartz

Maria Madeira é a primeira artista visual de Timor-Leste a representar o país na Bienal de Veneza, na sua 60ª edição, com o tema “Estrangeiros por toda a Parte”. O pavilhão inaugural de Timor-Leste apresenta a sua exposição e performance Kiss and don’t tell, sobre a qual a artista e investigadora refletirá nesta aula do programa de doutoramento em Pós-Colonialismos e Cidadania Global (FEUC/CES).
 


Nota biográfica

Maria Madeira foi retirada de Díli juntamente com a sua família pela Força Aérea portuguesa em 1976, durante a ocupação indonésia, e viveu durante quase oito anos num campo de refugiados da Cruz Vermelha nos subúrbios de Lisboa. Em 1983, a família emigrou para a Austrália, país onde Maria Madeira vive e estudou artes, ciência política e tirou o doutoramento em filosofia da arte. A artista já expôs na Austrália, Portugal, Brasil, Macau, Indonésia e Timor-Leste.”
 

Maria Madeira | Fotografia © Dennis Phillip Irwin. Cortesia da Galeria Anna Schwartz