Teses Defendidas

Reading Beyond the Written Lines of Human Rights: Collaborative Learning Communities and Learning Schools as Drivers for Educational Change

Denise Esteves

Data de Defesa
31 de Maio de 2021
Programa de Doutoramento
Human Rights in Contemporary Societies
Orientação
Paulo Peixoto e Cláudia Pato de Carvalho
Resumo
Entender a educação como um direito é uma questão crucial na reestruturação dos sistemas educativos das democracias ocidentais. A tendência crescente de se discutir a educação a partir de uma abordagem dos direitos torna necessário considerar o papel da educação na transformação social e na reivindicação de territórios de aprendizagem mais democráticos. Colaboração, solidariedade, empatia, engajamento e pensamento crítico são raros e cada vez mais difíceis de estabelecer, conforme sublinhado por diversos autores e destacado pelos entrevistados deste estudo. A escola é uma das instituições de vida pública onde se podem construir práticas comuns de vida coletiva.

O objetivo principal desta tese é compreender de que formas as comunidades de aprendizagem colaborativa e as escolas aprendentes ampliam a noção de educação como um direito humano na prática, e impulsionam uma mudança educacional. Sugerimos que as comunidades de aprendizagem contribuem para uma abordagem holística e heterogénea da qualidade do processo de aprendizagem e do conhecimento produzido dentro desses grupos que deve ser considerado uma contribuição valiosa para a experiência de aprendizagem. Assim, a ampliação de grupos de agentes que contribuem para a diversificação do processo de aprendizagem e de transformação das escolas de instituições de ensino em organizações de aprendizagem mostra-se uma valiosa contribuição para pensar a educação como um processo emancipatório.

O ponto de partida da discussão deste trabalho é o Instituto de Educação e Cidadania (IEC) - instituição de educação não formal, localizada no município de Oliveira do Bairro que funciona como intermediário entre escolas, universidades e centros de investigação e a comunidade na qual se insere. O IEC reivindica uma nova estrutura para aprendizagem e de investigação baseadas na comunidade, alavancando a democratização das parcerias escolas-comunidade-universidade. O papel central do IEC é o de facilitar as relações entre instituições e pessoas que não estavam conectadas anteriormente, formando uma comunidade de aprendizagem colaborativa.

Metodologicamente, triangulamos diferentes métodos de análise de dados e de diferentes fontes de informação, incluindo observação participante, entrevistas semiestruturadas, revisão de literatura e análises documentais e temáticas.

Argumentamos que a comunidade de aprendizagem colaborativa é uma resposta ascendente (bottom-up) desenvolvida de forma colaborativa por agentes locais aos desafios identificados localmente no campo educacional. Essa estratégia envolve processos mútuos de engajamento e de reflexão que acontecem em diferentes níveis do sistema de aprendizagem. Os resultados também sugerem que uma dinâmica de troca de conhecimento foi criada e garantiu uma melhoria na experiência de aprendizagem dos membros da comunidade de aprendizagem colaborativa. Simultaneamente, foram estabelecidos mecanismos para o desenvolvimento de estratégias colaborativas entre os membros da comunidade de aprendizagem. Ambos os processos dão o apoio necessário para que as escolas arrisquem em novas formas de redesenhar relações com outras escolas, com universidades e, em alguns casos, com serviços e instituições comunitárias mais amplas.
A pesquisa destaca ainda a importância da conexão dos elementos da comunidade de aprendizagem, particularmente visível através de parcerias entre escolas e centros de investigação. De fato, o estudo demonstra que as parcerias estabelecidas entre o IEC, as escolas e os centros de investigação fornecem um contexto apropriado para repensar e reinventar as escolas públicas e as instituições de ensino superior, enquanto parte integrante de um sistema de aprendizagem aberto e interconectado na sociedade.

Os efeitos da ação dessa comunidade de aprendizagem colaborativa são maiores do que a soma das suas partes. No geral, analisamos a influência da comunidade de aprendizagem colaborativa e da transformação das escolas em organizações de aprendizagem em torno de três eixos centrais: na criação de condições para melhorar a aprendizagem dos alunos e melhorar a experiência de aprendizagem geral dos membros individuais da comunidade; na implementação de mecanismos de aprendizagem coletiva dentro da comunidade de aprendizagem colaborativa; e na criação de parcerias colaborativas entre escolas e centros de investigação. Demonstramos que as questões de agência, colaboração e troca de conhecimento se tornam uma realidade firmemente enraizada nas escolas, incorporando a aprendizagem colaborativa na dinâmica organizacional da escola. A criação de condições de troca de conhecimento, colaboração, reflexão e agenciamento deve ser considerada crucial para a definição de políticas públicas na área da educação, se quisermos que a educação seja um direito que se transforme não apenas numa afirmação fundamental, mas, sobretudo, uma prática significativa.

Palavras-Chave: Comunidades de Aprendizagem Colaborativa; Escolas Aprendentes; Educação; Direitos Humanos; Mudança Educativa; Instituto de Educação e Cidadania