Seminário | Programa de Doutoramento em Estudos Feministas

Saúde Mental e Género

Valeska Zanello (Universidade de Brasília/CNPq)

11 de março de 2021, 14h00 (GMT)

Evento em formato digital

Resumo

Partindo de um binarismo estratégico, há caminhos privilegiados de subjetivação no tornar-se homem e mulher na cultura brasileira, nos tempos atuais. Para os homens, destaca-se o dispositivo da eficácia, baseado na virilidade laborativa e sexual. Sucintamente, um "verdadeiro" homem seria um bom provedor/trabalhador e um "fodedor" ativo. Para as mulheres, destacam-se os dispositivos amoroso e materno. O dispositivo amoroso configura uma certa forma de amar que vulnerabiliza as mulheres. Segundo a autora, elas se subjetivam na "prateleira" do amor, na qual "ser escolhida" e validada por um homem torna-se uma legitimação fundamental. Isso porque o amor é identitário para as mulheres, de um modo que não se constitui para os homens. Já o dispositivo materno coloca as mulheres em uma relação naturalizada com o cuidar, tornando ideologicamente biológicas performances que, de fato, são interpeladas na e pela cultura desde que se nasce. A autora intersecciona, ainda, os dispositivos com as discussões raciais, tema de suma importância em um país tão marcado pela prática escravista e, até hoje, profundamente racista. Por fim, aponta-se como o sofrimento é interpelado e se apresenta de forma gendrada, tornando-se necessária a adoção de uma perspectiva de gênero na escuta e na intervenção em Psicologia clínica.


Nota biográfica

Valeska Zanello é graduada em Filosofia e em Psicologia pela Universidade de Brasília. Defendeu seu doutorado em Psicologia nesta mesma Universidade, em 2005, com período de estágio doutoral de um ano na Université Catholique de Louvain (Bélgica). É professora Associada do departamento de Psicologia Clínica da Universidade de Brasília e coordenadora do programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura (PPGPSICC)/UnB. Coordena o grupo de pesquisa "Saúde Mental e Gênero" (foco em mulheres) no CNPq, o qual realiza uma leitura do campo da saúde mental sob um viés fe minista das relações de gênero (e interseccionalidades com raça e etnia) no que diz respeito à epistemologia, semiologia, diagnóstico psiquiátrico e prática profissional. Escreveu inúmeros artigos, capítulos e livros na temática.


Atividade no âmbito do Programa de Doutoramento em Estudos Feministas (FLUC/CES)

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Evento em formato digital >  https://videoconf-colibri.zoom.us/j/82716210460?pwd=NW50RlkzcU1rYXNuYmFIR0RscWtrZz09

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