Seminário | ECOSOL-CES

As iniciativas locais alternativas portuguesas à luz do decrescimento e da perspetiva feminista

Graça Rojão (COOLABORA)

9 de dezembro de 2022, 15h00

Anfiteatro 4.1, Faculdade de Economia da UC

Comentários: Pedro Hespanha e Luciane Lucas dos Santos (CES-ECOSOL)


Apresentação

Neste seminário discutiremos as iniciativas locais alternativas portuguesas, a partir do decrescimento e da perspetiva feminista do cuidado enquanto matrizes emancipatórias que partilham a preocupação com a manutenção da sustentabilidade da vida no planeta em condições de justiça social. O decrescimento critica o crescimento económico assumido como objetivo social prioritário, estimula a repolitização do debate e a reincrustação do económico no social e no político. A visão feminista do cuidado, por sua vez, amplia as noções de economia, de trabalho e de reprodução social, numa aceção que parte do reconhecimento da interdependência entre seres humanos e da sua ecodependência face à restante natureza. Neste contexto, entendemos que as iniciativas locais alternativas, ao criarem novas formas de organização coletiva, constituem um campo de experimentação que enraíza estes movimentos e estabelece pontes entre utopia e prática.

A partir de um mapeamento realizado em Portugal continental, caracterizamos este campo, identificamos as conceções de decrescimento e de cuidado presentes nas iniciativas locais, identificamos os referenciais de transformação social que as mobilizam, com base no seu posicionamento face ao capitalismo e, por fim, discutimos o potencial emancipatório dos processos de transformação social que integram as noções de decrescimento e de cuidado, centrando-se assim na criação de condições de sustentabilidade da vida. Ainda que possam ter um potencial incerto ou limitado, argumentamos que estas iniciativas abrem brechas de esperança face aos cenários muito prováveis de colapso, que ensombram o nosso horizonte.

Este seminário resulta da parceria entre o ECOSOL-CES e os doutoramentos em Sociologia (FEUC) e em Sociologia - Relações de Trabalho, Desigualdades Sociais e Sindicalismo (CES/FEUC). 


Nota biográfica

Graça Rojão é activista por um mundo melhor, feminista e decrescentista. Participa em iniciativas cívicas e solidárias há mais de 25 anos, nomeadamente em associações de desenvolvimento local e organizações de economia solidária. É licenciada e doutorada em Sociologia, com uma tese sobre decrescimento e cuidado nas iniciativas locais alternativas. É directora e co-fundadora da COOLABORA, uma cooperativa de intervenção social com sede na Covilhã e participa em algumas redes nacionais como a Animar e a Rede para o Decrescimento.