Seminário

Seminário de encerramento do Ciclo de debates+cinema "Migrações Clandestinas"

Alain Brossat

Eugénia Vilela

5 de setembro de 2011, 14h30

Sala 2, CES-Coimbra

A) Título: “Faire vivre et laisser mourir" - les conditions de la biopolitique contemporaine sous l'angle des migrations clandestines"
    Orador: Alain Brossat

    Resumo: L’ exposé portera sur la figure du réfugié. Cette figure interroge au plus profond la démocratie contemporaine. A l'usage, il s'avère en effet que celle-ci fonctionne comme une démocratie de l'"entre-soi" dont toutes les prétentions à l'universalité et les supposées "valeurs" deviennent litigieuses dès lors qu'elle est confrontée à la figure de cet "autre" non inclus qu'est le réfugié. Or, c'est précisément face à cette incommodité de l'étranger en quête d'asile ou d'hospitalité que la démocratie contemporaine est appelée à faire valoir ses principes, inconditionnellement...

    Nota biográfica: Professor no departamento de Filosofia de Paris 8 Saint-Denis, investigador associado da MSH Paris-Nord. Última obra publicada: Droit à la vie? (Editions du Seuil, 2010)

B) Título : “Corpos expostos: deserto, espaços em convulsão e heterotopias da deslocação clandestina
    Orador : Eugénia Vilela

    Resumo: Numa cartografia instável, contemporaneamente, figuras intimamente relacionadas com um espaço territorial – refugiados, deslocados, imigrantes – emergem em todo o mundo como a incessante enunciação de uma história dos vencidos (Walter Benjamin). No movimento em deriva no espaço-tempo do deserto, estas figuras traçam – na singularidade dos seus corpos concretos –  heterotopias, espaços absolutamente outros, espaços paradoxalmente separados e articulados a todos os outros espaços. Espaços diferentes que, como afirma Michel Foucault, são a contestação dos espaços nos quais vivemos. No deserto, abre-se uma forma específica de espaços-tempos que indistingue um tempo provisório e um tempo cumulativo de temporalidades; emergem heterotopias que se afiguram como lugares onde, simultaneamente, se está e se não está, onde se é um outro; por vezes, onde se localizam desvios, cruzamentos, clivagens, através de uma ritualização em devir. Esses contra-espaços são atravessados por todos os outros espaços que eles contestam; os espaços reverberam uns nos outros, e, no entanto, há descontinuidades e rupturas, como espaçamentos da vida e da morte. Nos corpos singulares dos migrantes clandestinos que percorrem o deserto do Saara expõe-se a necessidade de pensar a íntima articulação entre a errância, o deserto e a memória desde o interior de um movimento heterotópico onde o pensamento se enraíza no silêncio de um corpo que resiste.

    Nota biográfica: Professora no Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Doutorada em Filosofia pela Universidade do Porto, Directora do Grupo de Investigação « Estética, Política e Arte » do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto. Autora de conferências e publicações no domínio da Filosofia e das Artes, publicou, entre outros textos em obras colectivas, os livros Do Corpo Equívoco (1998) e Silêncio Tangíveis. Corpo, Resistência e Testemunho nos Espaços Contemporâneos de Abandono (2010). O seu trabalho desenvolve-se no espaço de intersecção entre a Estética, a Filosofia Política Contemporânea e a Arte.

 


Ciclo de cinema e debates

Migrações Clandestinas