Seminário
Território, Comunicação e Poder: Aproximações ao pensamento de Boaventura de Sousa Santos
Inesita Soares de Araújo
José Manoel Miranda de Oliveira
8 de julho de 2015, 10h00
Sala 2, CES-Coimbra
Resumo
O Seminário reúne duas apresentações de reflexões resultantes do primeiro semestre de estágios de pós-doutoramento. Ambos os pesquisadores são brasileiros e contam com a supervisão de Boaventura de Sousa Santos.
Parte 1
Nesta parte do Seminário, discutem-se as alterações espaciais determinadas por uma política de desterritorialização e sua posterior territorialização, seguindo as orientações teóricas de Boaventura Santos (1988, 1999, 2004, 2013 e 2014), para entender as seguintes correlações: os efeitos proporcionados pelo discurso de destruição da cultura tradicional da população do Norte goiano; a transformação do discurso negativo por uma linguagem de aceitação de estratégias determinadas por simbologias do novo em relação ao tempo e espaço. Por fim, as estruturas de poder criadas com a divisão territorial. Os contrapontos para as discussões sobre o que ocorreu no Norte de Goiás foram estruturados no contexto dos debates em curso sobre a identidade portuguesa, no âmbito do acordo ortográfico entre os países lusófonos e a situação político-cultural de Portugal, após a sua entrada na UE, ambas, tratadas no texto como objetos de desterritorialização.
Parte 2
No campo da saúde, a comunicação é vista de modo instrumental, ocultando-se sua natureza de processo social que produz relações de saber e de poder. Uma das consequências é sua ausência das análises dos processos de determinação social da saúde e dos sistemas de indicadores de desigualdades sociais que subsidiam políticas para seu enfrentamento. No seminário refletiremos sobre esse cenário à luz do olhar de Boaventura Santos. Considerando o objetivo final da pesquisa - uma metodologia de produção de indicadores que relacionem comunicação com desigualdades sociais em saúde, discutiremos a possibilidade de se pensar o estado de coisas conhecido por negligenciamento em saúde e as políticas correspondentes como característicos das sociedade coloniais, em contraponto com sua visão corrente como fenômeno de expressão de desigualdades, em vias de superação. O entendimento dessa rede de relações condiciona os procedimentos metodológicos de produção de indicadores, que requer a participação ativa da população “negligenciada”. Tradução intercultural e escuta profunda são conceitos que permitem discutir os desafios dessa tarefa, que envolve não só as ausências como a emergência de formas de agir potencialmente transformadoras.
Notas biográficas
José Manoel Miranda de Oliveira
Investigador pós-doutoral do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, vinculado ao Núcleo de Estudos sobre Democracia, Cidadania e Direito, com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Doutor em Geografia e mestre em Educação. Professor da Fundação Universidade Federal do Tocantins. Membro dos grupos de pesquisa Estudos Filosóficos sobre a Formação Humana e Estudo e Pesquisa Práxis Socioeducativa e Cultural, ambos do CNPQ. Principais áreas de interesse: filosofia, política, sociologia e geografia urbana.
Inesita Soares de Araujo
Investigadora pós-doutoral do CES - Universidade de Coimbra, vinculada ao Núcleo de Estudos sobre Democracia, Cidadania e Direito. Doutora em Comunicação e Cultura (UFRJ); pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, no Laboratório de Pesquisa em Comunicação e Saúde; professora do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde e do Doutorado Internacional Saúde Global, Direitos Humanos e Políticas da Vida (CES/ Fiocruz); líder do grupo de pesquisa Comunicação e Saúde (CNPq); coordenadora do GT Comunicación y Salud da Associación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación. Area de experiência: Comunicação e Políticas Públicas. Principais temas de interesse: o campo da Comunicação e Saúde, em suas dimensões política, epistemológica, teórico-metodológica, institucional e seus agentes e práticas; relações entre comunicação, desigualdade, iniquidade e inequidade em saúde; produção de sentidos da e na saúde; metodologia de pesquisa, planejamento e avaliação da comunicação.
Atividade no âmbito do Núcleo de Estudos sobre Democracia, Cidadania e Direito (DECIDe)