Seminário
Kratiadiversidade - ensaios de cidadania na Mata Atlântica
Paulo Dimas Menezes (Universidade Federal de Minas Gerais)
21 de janeiro de 2011, 17h00
Sala de seminários (2º piso), CES-Coimbra
Resumo
A Mata Atlântica é o bioma que abriga e sustenta, com seus recursos, 70% da população e 80% da economia brasileira. Pela megadiversidade biológica, seus remanescentes florestais de alto valor para conservação (8% da floresta original) são considerados patrimônio da humanidade, tanto em escala regional, como Sítios do Patrimônio Mundial Natural, quanto na escala do bioma, como parte da Reserva da Biosfera, no ProgramaMan and Biosphere, da UNESCO. A restauração de suas florestas e a sustentabilidade de seu domínio, com vida digna para suas comunidades tradicionais, é apresentado como um projeto utópico de interesse público transnacional, que mobiliza agentes, instituições e recursos locais, regionais e internacionais em situações diversas no território brasileiro. Minha tese de doutoramento se estrutura como pesquisa-ação em 3 experimentos de gestão pública compartilhada, interconectados em 3 diferentes escalas geográficas: o Pacto Nacional pela Restauração da Mata Atlântica, a proposta de sustentabilidade regional do Extremo Sul da Bahia e a implantação do Corredor Ecológico Monte Pascoal Pau Brasil, no chamado Sítio do Descobrimento, lugar do primeiro encontro entre portugueses e indígenas na América do Sul. O investimento teórico desta investigação pretende contribuir, tanto para a viabilidade tópica destes experimentos, quanto para o fortalecimento da vertente emancipatória neles presente, confrontando o risco da apropriação conservacionista (e conservadora) dos mesmos. Defendemos a hipótese de que tal resultado depende da consolidação deste projeto transescalar como processo de gestão pública compartilhada, mas também como proposta libertária e republicana, o que demandaria um modo de gestão diferenciado — cooperativo, complementar e não concorrente — em relação aos modos da democracia participativa ali praticados. A ampliação do conceito de demodiversidade,de Boaventura de Sousa Santos, para a proposta de kratiadiversidade, poderia significar não apenas uma reconciliação teórica das praxis democrática e republicana, dupla origem e destino do pensamento libertário, mas também o reencontro deste último com uma de suas matrizes —o pensamento político ameríndio —no seu lugar de origem.
Nota biográfica
Paulo Dimas Menezes - Doutorando e Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2006), Especialista em Filosofia Contemporânea (UFMG, 1990), graduado em Arquitetura (UFMG, 1983). Diretor Executivo do Instituto Cidade, entre 1997 e 2008, com atuação nas áreas de mobilização social, pesquisa-ação, planejamento regional e gestão pública compartilhada para formação de corredores ecológicos na Mata Atlântica do extremo sul da Bahia. Estagiário de Doutoramento no CES UC com bolsa da CAPES MEC – Governo do Brasil.
Organização: Núcleo de Estudos sobre Democracia, Cidadania e Direito