ECOSOC - Oficina de Ecologia e Sociedade

Sessão cinematográfica

ParaDocma | Sessão 3: «Maboan, notas sobre a construção de um dique» e «Elalab: O Zé quer saber porquê»

2 de novembro de 2023, 18h00

Casa da Esquina (Coimbra)

Programa

Maboan, notas sobre a construção de um dique (2015) [25 minutos]
Realização: Ana Luísa Luz, Braima Indjai, Ansomane Dabo, Joana Sousa, Zaino Zauad
Co-produção: Chão-de-Gente (Lisboa), Cabasane Biteraune (Caequene)

Sinopse: A ofensiva colonial e o exílio das populações durante a guerra da independência na Guiné-Bissau provocaram a destruição de grande parte dos campos de arroz instalados em zonas de mangal. Face à centralidade do arroz na alimentação e no comércio, e aos picos do preço do arroz nos mercados nacional e internacional, a recuperação dos arrozais tem vindo a ganhar renovada importância. A produção de arroz em mangal requer o controlo da água salgada e da água das chuvas, condições que obrigam à construção de diques, valas e canais de escoamento que viabilizem a gestão hidráulica dos arrozais. A construção de diques e canais é um processo complexo que exige conhecimento especializado e disponibilidade de mão-de-obra. Filmado ao longo de quatro meses em Caequene, no sul da Guiné-Bissau, Maboan retrata a construção de um dique de 800 metros nos arrozais da aldeia para fazer face à instabilidade do mercado, das chuvas e à força do mar.

(falado em crioulo guineense/legendas em português)

Captação de Imagens: Ana Luísa Luz, Ansomane Dabo, Djibi Indjai, Fatu Dabo, Joana Sousa, Queba Indjai, Sene Dabo
Narradores: Ansomane Dabo, Assatu Camara, Braima Indjai
Legendas: Ana Luísa Luz, Joana Sousa, Zaino Zauad
Banda Sonora: Ionfela Cafal, Mbye Ibrahima, Satã Cassama, Zaino Zauad
Pós-produção: Zaino Zauad
Assistentes de pós-produção: Ana Luísa Luz, Joana Sousa
Responsáveis pela construção: Todos os habitantes de Caequene
Cartaz: Joana Ralha

 

Elalab: O Zé quer saber porquê (2019) [27 minutos]

Sinopse: Zé não sabe o que quer dizer “aquecimento global” mas conhece bem as mudanças nas estações e o seu impacto na vida de Elalab, uma comunidade no Norte da Guiné-Bissau em risco de desaparecer.
Do passado, há coisas de que Zé se lembra e outras não. Lembra-se de que quando era jovem chovia muito, os terrenos perto da sua casa estavam cobertos de plantações de arroz, as crianças faziam barulho, havia várias espécies de peixe e não faltava comida.
Não se lembra da Época das Chuvas ser tão quente, não se lembra do mangal e da água salgada chegarem tão perto das casas – deixando os terrenos estéreis – , não se lembra de alguma vez ter tão vazio o depósito onde guarda o arroz. Também não se lembra de ver tão poucas crianças e jovens a brincar no areal de Elalab.
Elalab é uma tabanca Felupe na costa Norte da Guiné-Bissau com 435 habitantes. Zé é um dos homens mais velhos da comunidade. As suas memórias representam as lembranças, os anseios e as angústias colectivas.
A pergunta a que ninguém sabe responder e que parece atravessar a mente de todos é: “Porque é que isto nos está a acontecer?” Os habitantes de Elalab não sabem o que significa aquecimento global, ou sequer ouviram falar no termo, mas descrevem com exactidão todos os seus efeitos, contra os quais são obrigados a lutar.
A vontade de contar a estória de Elalab e de todos os que ali vivem nasceu depois de, em 2015, os Bagabaga Studios , cooperativa que detém a Divergente, terem produzido um pequeno documentário para a ONGD Monte. Rapidamente percebemos que havia uma estória para ser contada. E foi isso que fizemos. Somos frequentemente alertados para os perigos do aquecimento global, mas raramente confrontados com os seus efeitos prácticos. “O Zé quer saber porquê” mostra como o aquecimento global é um problema com rostos.

Realização: Diogo Cardoso
Produção Executiva: Elisabete Monteiro
Entrevistas: Sofia da Palma Rodrigues
Direção de Fotografia: Diogo Cardoso
Cinematografia Adicional: José Magro, Ricardo Leite
Entrevistados: Zé Djata, Cecília Djenjo, Mário Sungo, Justino Biai
Guião: Bagabaga Studios
Design: Ana Grave
Edição e pós-produção: Diogo Cardoso
Tradução e Legendagem: Sofia da Palma Rodrigues, Issa Indjai


Conversa com participantes na realização:

Ana Luísa Luz, Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (CICS.Nova, Lisboa)
Joana Sousa, Centro de Estudos Sociais (CES-UC, Coimbra)
Sofia da Palma Rodrigues (Divergente, Lisboa)
Moderador: Sumaila Jalo, Centro de Estudos Sociais (CES-UC, Coimbra)


Sessão organizada em parceria com o projeto MARGINS no âmbito do Seminário Intercalar “A Crise Climática e a Guiné-Bissau: Ruturas, Continuidades e Incertezas”