Resumo

Na sua pequena nota de investigação, rara no contexto desta publicação, Catherine Will apela ao direito dos investigadores e dos cientistas na área das ciências sociais e da Sociologia de respirarem e de, literalmente, darem tempo ao tempo. A autora apela ao direito à não precipitação e ao tirar de conclusões demasiado rápidas. Com efeito, assistimos, no âmbito da pandemia COVID-19, a uma corrida à melhor análise, ao diagnóstico rápido e certeiro, ao descortinar do emergir de um novo paradigma, com o incentivo das instituições de financiamento científico que exigem dos projetos apoiados a apresentação de resultados em 3 ou 6 meses, um verdadeiro cenário de ciência rápida ou versão take-away.

Catherine Will acentua também a importância de se atender às materialidades e práticas da prevenção de infeções, para além da mera análise discursiva. E aí emerge também o papel, pouco analisado, das virologias e das epidemiologias leigas. Will termina o seu texto alertando para a importância do estudo dos processos de marginalização na compreensão do impacto da COVI-19 e a conexão estreita entre práticas e acções governativas e a experiência vivida da pandemia.