Resumo

A partir de uma comparação entre a situação da pandemia da COVID-19 nas diferentes regiões do mundo e entre países do Norte e do Sul, os autores reafirmam a importância do reconhecimento das diferenças de contexto e dos princípios de justiça social e equidade na resposta à pandemia.

As diferenças de estrutura demográfica, social e económica, de formas de sociabilidade, de relações de poder, de infraestrutura social, de precarização do trabalho e das fontes de rendimento, de acesso a cuidados de saúde e de recursos para sustentar medidas de contenção da infecção baseadas no isolamento e de resposta dos serviços de saúde tornam imperativo considerar as possibilidades de resposta adequadas ao contexto e capazes de mobilizar capacidades existentes. Estas incluem o diagnóstico sindrómico – recorrendo ao conjunto de sinais e de sintomas que permitem identificar casos possíveis de infeção -, o papel dos agentes comunitários de saúde e dos profissionais de saúde que trabalham nas comunidades e a mobilização comunitária.

Essa mobilização contrasta com as respostas autoritárias dos estados, seja na versão tecnocrática, seja na versão de imposição da ordem e com a imposição universal de medidas de contenção que desconsideram o contexto e as consequências em termos de equidade e de justiça. As experiências e saberes das comunidades e a mobilização por estas dos seus recursos e capacidades são cruciais para que as respostas à pandemia possam ser vetores de maior justiça e equidade.