Heranças coloniais em tempos de 'Black Lives Matter'
Estudos CES
Pour une Colon(ial)oscopie généralisée. Retour au Congo belge à partir d’un spectacle politique
Fabrice Schurmans
Revue nordique des Études francophones
Apresentação
Neste artigo, analiso Colon(ial)oscopie, espetáculo da companhia Ah mon amour! apresentado nas cidades de Bruxelas, Liège, entre outras, entre 2015 e 2020, que contou também com representações dirigidas exclusivamente para escolas secundárias. Colon(ial)oscopie questiona as representações e memórias negativas do Outro africano enquanto vestígios e heranças coloniais na sociedade belga contemporânea. O meu estudo começa por contextualizar o espetáculo na produção cultural belga do século XXI que efetua um retorno ao passado colonial através das artes e da literatura. De seguida, analiso como Colon(ial)oscopie efetua essa revisitação através de um teatro crítico que, pela recusa da quarta parede, obriga o/a espetador/a a assumir uma atitude ativa, empenhada/engagée, longe do conforto do teatro da ilusão. É no contexto da perspetiva política e pedagógica da companhia que se inscrevem os debates entre as atrizes/autoras e o público que se seguem à maior parte das representações. São um momento-chave que permite desafiar e perceber o grau de (des)conhecimento do período colonial na sociedade belga atual, nomeadamente junto do público estudantil do ensino secundário.