Livro

"The Contours of Eurocentrism" - Marta Araújo & Silvia Rodríguez Maeso

Lexington Books | 2015

Sinopse

Este livro propõe uma abordagem ao eurocentrismo enquanto paradigma de produção e interpretação de conhecimento, enraizado no mito ocidental moderno da excepcionalidade da Europa e na reprodução de governamentalidades raciais. Nesse sentido, interroga a relação entre conhecimento, raça e poder no centro dos debates sobre a produção e a disseminação da história, colocando em evidência a tensão que surge quando a narrativa dominante tenta acomodar outras narrativas mantendo as fórmulas autoconfiantes do eurocentrismo.

O livro é um esforço interdisciplinar que dialoga com diferentes contextos e debates reveladores de entendimentos políticos e académicos da colonialidade/modernidade, especificamente na educação. A educação, e em particular o ensino da história, é abordada como uma arena chave para explorar a (re)configuração de discursos políticos e académicos e silêncios mais amplos sobre poder e raça. Indo além dos debates sobre a identidade nacional e o currículo multicultural, neste livro examinam-se criticamente os manuais escolares de história em Portugal e as discussões levantadas durante a investigação empírica com atores de uma grande variedade de campos, tais como a academia, a política, a escola e os média. Estes são abordados em relação ao contexto internacional que assistiu à consolidação de organizações mundiais e regionais – como a UNESCO e o Conselho da Europa – que estabeleceram o conhecimento científico e a educação como soluções-chave para os conflitos políticos (sobretudo os convencionalmente definidos enquanto nacionalismo exacerbado, etnocentrismo e mal-entendidos culturais).

Centrais para estas discussões são as ideias de multiperspetividade e da inclusão de conteúdos sobre o outro, que são examinadas em detalhe através de um estudo de caso sobre os movimentos de libertação nacional africanos.

Este livro pretende contribuir para a crítica do eurocentrismo e racismo contemporâneos, que têm frustrado as lutas pela descolonização do conhecimento e continuam a moldar a nossa compreensão da ordem mundial em termos raciais hierárquicos, recentrando e reproduzindo o Ocidente e a Europa como ideias e projetos políticos.