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Epistemologias feministas: ao encontro da crítica radical

Organizadoras: Lennita Oliveira Ruggi e Rosimeire Barboza Silva

“The master’s tools will never dismantle the master’s house.” Essa célebre frase foi proferida por Audre Lorde em 1984, durante a conferência da New York University Institute for the Humanities. Havendo sido convidada para fazer parte da única mesa organizada às pressas sobre feminismo negro no evento, Lorde mostra a maneira sintomática com que o modus operandi dos circuitos acadêmicos feministas acaba por reproduzir hierarquias raciais mesmo ao abrir espaço para feministas negras. Se levarmos em conta essa contundente crítica, podemos nos questionar: É possível a produção de conhecimento transformador – e não reprodutor – das desigualdades a partir do universo acadêmico, historicamente estruturado com base em hierarquias de gênero, raça e classe? A própria Lorde nos dá, em seu texto, uma pista para solucionar esse dilema: é preciso questionar a produção do conhecimento científico a partir do ponto de vista de quem, até então, permaneceu excluídx dos círculos acadêmicos. É, portanto, nessa chave que se desenvolvem projetos epistemológicos feministas descoloniais.

Tais epistemologias têm demonstrado que as comunidades de oposição têm histórias de luta próprias, formas de teorização e modos de organização que dão corpo – ao mesmo tempo em que transformam – às práticas feministas. A partir da perspectiva, buscamos artigos que problematizem criticamente em suas análises, ao menos um dos seguintes pontos:

i) a pluralização do conhecimento para além de falsos binarismos e oposições, bem como a valorização da dimensão política das vivências cotidianas do corpo e suas diversas formas de resistência;

ii) a perspectiva de que um conhecimento responsável somente pode ser produzido através de um compromisso dialógico ativo entre as diferentes iniciativas feministas a partir de questionamentos mais amplos das hierarquias de gênero e classe;

iii) os fundamentos raciais e classistas da ciência, incluindo o escrutínio de processos capitalistas de destruição da natureza e apropriação do conhecimento indígena em benefício do mercado;

iv) perspectivas que, desde as lutas e epistemologias feministas, critiquem tanto universalismos abstratos quanto relativismos, problematizando o fato de que ambos os projetos visam não somente abarcar a totalidade das experiências, reduzindo-as a uma unidade explicativa que é, em si, incompatível com a complexidade das constelações culturais que estruturam as sociedades coloniais, como também eclipsam a persistência da diferença colonial, invisibilizando e mantendo intactas relações de poder e dominação.

Os e-cadernos ces são uma publicação on-line, com acesso livre, que se baseia num sistema de avaliação por pares e editada pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Os e-cadernos ces integram atualmente as bases de dados: CAPES, EBSCO e Latindex. Para mais informações sobre a publicação consulte: http://www.ces.uc.pt/e-cadernos/pages/pt/indice.php
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Todos os textos devem ser submetidos na sua versão completa, em língua portuguesa, inglesa ou castelhana. Podem ter entre 50 e 70 mil caracteres (com espaços), incluindo notas e referências bibliográficas. Para a secção final @cetera, podem ser apresentados entrevistas e debates (máx. 25 mil caracteres) ou recensões críticas inéditas (máx. 5 mil caracteres).

As normas detalhadas para submissão dos textos estão disponíveis em http://www.ces.uc.pt/e-cadernos/media/Normas_publicacao_e_cadernos.pdf. Os textos devem ser enviados para e-cadernos@ces.uc.pt e indicar explicitamente que se referem ao número temático em questão: “Epistemologias feministas: ao encontro da crítica radical”.


A data limite para envio dos textos é 17 de junho de 2013

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  Lennita Oliveira Ruggi  - Universidade Federal do Paraná (UFPR), lennitaruggi@hotmail.com
  Rosimeire Barboza Silva -  Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES/UC), rosebs@ces.uc.pt