Programa

22 de outubro de 2025, 17h00, Sala 1, CES | Alta

Hunger: A Memoir Of (My) Body de Roxane Gay (2017, Harper Collin)

Neste poderoso e comovente livro de memórias, Roxane Gay compartilha sua história com brutal honestidade e rara sensibilidade. Hunger é um relato íntimo sobre corpo, trauma, sobrevivência e identidade. A autora explora como experiências de violência sexual na infância influenciaram profundamente sua relação com a comida, com o corpo e com o mundo ao seu redor.

Mais do que uma narrativa sobre peso ou aparência, Hunger é um manifesto sobre o que significa viver em um corpo que desafia normas sociais — um corpo grande, negro e feminino — em uma sociedade que insiste em controlá-lo. Com sua prosa corajosa e incisiva, Gay nos convida a refletir sobre aceitação, vulnerabilidade e a complexa jornada de recuperar o amor-próprio.

5 de novembro de 2025, 17h00, Sala 2, CES | Alta

Amora de Natalia Borges Polesso (2016, Editora Dublinense)

Vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura, Amora é uma coletânea de contos que celebra, com lirismo, humor e sensibilidade, as múltiplas formas do amor entre mulheres. Com uma escrita afiada e delicada, Natália Borges Polesso retrata personagens reais e complexas em situações do cotidiano — encontros, silêncios, descobertas, desejos e rupturas.

São histórias de afetos contidos e explosivos, de identidades que se afirmam ou se escondem, de juventude e maturidade, marcadas por uma linguagem envolvente e profundamente humana. Ao dar voz a vivências lésbicas com naturalidade e empatia, Amora rompe estereótipos e convida o leitor a enxergar a diversidade do amor em todas as suas nuances.

Uma obra necessária, poética e corajosa — tão doce e intensa quanto o fruto que lhe dá nome.

3 de dezembro de 2025, 17h00 [GMT], Evento em formato digital

a) Estudos Feministas e Estudos de Género: interdisciplinaridade e reconhecimento de Adriana Bebiano (2023)

Neste artigo essencial para a compreensão do campo dos Estudos Feministas e de Género, Adriana Bebiano reflete sobre a trajetória, os desafios e as conquistas desses domínios no espaço académico e cultural contemporâneo. A autora analisa o papel fundamental da interdisciplinaridade como método e como estratégia política, sublinhando a importância de cruzar saberes para compreender as complexidades das relações de poder, identidade e desigualdade.

Bebiano aborda também o processo de legitimação dos Estudos de Género nas universidades e na produção de conhecimento, enfrentando resistências e reafirmando sua relevância no pensamento crítico atual. O artigo propõe uma leitura atenta às transformações sociais, ao compromisso ético e ao impacto político destes estudos no mundo contemporâneo.

Uma leitura indispensável para quem deseja compreender o lugar e a força dos feminismos na academia e na sociedade.

b) Intimate Lovers, Legal Strangers—The Politics of Dissident Relationality in Portugal de Ana Cristina Santos e Ana Lúcia Santos (2023)

O artigo investiga como os enquadramentos culturais, legais e políticos no Sul da Europa ainda se baseiam no ideal de casal reprodutivo, monogâmico e cis-heterossexual, ao mesmo tempo em que as intimidades LGBTQ+ continuam a enfrentar preconceito e exclusão, apesar dos avanços legislativos. A partir do contexto português, discute-se de que modo o reconhecimento estatal pode contribuir para (des)construir a abjeção cultural atribuída a essas vivências, explorando os aspectos pessoais, socioculturais e jurídicos que moldam trajetórias afetivas.

O texto analisa a visibilidade das sexualidades não normativas, a importância do estatuto legal do casamento como forma de superar a invisibilidade e o estigma, e aponta a não monogamia como um dos principais focos de rejeição cultural, associada a ideias de pânico moral. Por fim, apresenta a noção de performatividade relacional e propõe a dissidência relacional como chave para compreender as experiências íntimas de pessoas LGBTQ+ em processo de envelhecimento.

7 de janeiro de 2026, 17h00 [GMT], Evento em formato digital

Memórias da Plantação: episódios de racismo quotidiano de Grada Kilomba (2008) [Tradução de Nuno Quintas (2019), Orfeu Negro]

Neste livro, Grada Kilomba explora como o racismo persiste no cotidiano através de episódios aparentemente banais, mas profundamente violentos. Combinando autobiografia, teoria crítica, psicanálise e feminismo negro, a autora expõe as estruturas coloniais ainda presentes nas sociedades ocidentais. A obra propõe uma escrita descolonizada, dando voz a quem historicamente foi silenciado.