2.º CICLO | 2024
Grupo de Leitura de Ecologia Política
4 de outubro, 4 e 18 de novembro, 9 e 16 de dezembro de 2024
Programa
Sessão de leitura Terra
Data e horário: 04/10/24, 6ª feira, às 11h00, sala 2, CES-Alta
Título: “Terra: Traçando ligações entre corpos e territórios desde a cartografia, o teatro e o cinema”
Coordenação: Gustavo Garcia-Lopez, Mariana Riquito, Flora Pereira da Silva
Esta sessão irá focar no conceito do corpo-território-terra, desde distintos olhares e regiões. O conceito do corpo-território-terra tem sido desenvolvido por ativistas acadêmicas feministas e descoloniais latino-americanas, no trabalho com comunidades, particularmente mulheres, em resistências contra os extrativismos, o patriarcado, o racismo, e o capitalismo e colonialismo, e as suas violências. O mapeamento dos corpos-territórios busca centralizar conhecimentos, práticas e visões incorporadas de povos-territórios explorados e silenciados. Ele enuncia e visualiza as conexões intrínsecas entre o material e o afetivo, o “sentimento” e o “pensar”, o que acontece nos territórios e nos nossos corpos, através de uma corpa desenhada, filmada, dançada, ou atuada coletivamente. Nesta sessão, iremos discutir leituras que oferecem reflexões sobre o conceito e prática do corpo-território-terra no teatro das oprimidas, no cinema e na cartografia urbana e rural, em Ecuador, Uruguay, Brasil, e Espanha-Marrocos:
Leituras:
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Marco conceitual e práctica de contra-cartografía:
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Práctica de teatro das oprimidas
Rodríguez, L., et al. (2020) Desde el cuerpo: arte, política y transformación. Compartires de Magdalenas Uruguay-Teatro de las Oprimidas (capítulo no livro Cuerpos, Territorios y Feminismos)
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Práctica de cinema
Leitura adicional sugerida:
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Práctica de contra-cartografía
Sessão de Leitura Água
Data e horário: 04/11/24, 6ª feira, às 11h00, sala 1, CES-Alta
Título: Da exclusão e do lucro ao sentir-pensar-viver: Para uma ecologia política das águas
Coordenação: Ana Paula Lemes de Souza, Ananda Martins Carvalho e Eliane Sebeika Rapchan.
As águas participam das nossas vidas em múltiplas formas e manifestações e sobre elas recaem diferentes entendimentos e controvérsias. Por um lado, têm predominado a instrumentalização, a apropriação e a definição de uma funcionalidade lucrativa para a água, convergente com as concepções associadas à modernidade capitalista e colonial do mundo. Por outro lado, para culturas diversas ao redor do globo, a água pode figurar, por exemplo, como bem comum ou como um ente que participa da vida em relações de cuidado e reciprocidade.
Nesta sessão do grupo de leitura, serão discutidos diversos usos e sentidos associados à água e insurgências frente a processos que desvirtualizam o seu sentido enquanto bem comum. Em “Intimations of Modern Water?”, são trazidos os diversos entendimentos da água no mundo moderno e apresentadas dimensões sociais e políticas da relação entre água e sociedade. Já no artigo “Vidas Precárias em Águas Turvas: antropologia colaborativa nas ruínas do Antropoceno”, são relatadas experiências de pesquisa em meio às águas de rios, mares e manguezais. Finalmente, em “Como renascem os rios”, somos convidados/as a participar da conversa entre agricultores/as, militantes e um pesquisador sobre a recuperação dos rios e o encantamento de cotidianos.
Leituras:
Sugerimos que o material seja lido-visto na sequência 1 - 2 - 3
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(1) Linton, Jamie. “3. Intimations of Modern Water”, What is Water? The History of a Modern Abstraction. Nature|History|Society Series, Ed. University of British Columbia, p. 47-72.
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(2) Andrés, R.; Gonçalves, N.; Paula, I. e Brito, C. “Como renascem os rios?”, in Moulin et al. seres-rios. São Francisco, Jequitinhonha, Doce, Belo Horizonte: BDMG Cultural, p. 287- 307.
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(3) Lopes, D. K. et al. 2021. Vidas Precárias em Águas Turvas: antropologia colaborativa nas ruínas do Antropoceno. Ilha: Revista de Antropologia, 23(1), 97-126.
Sessão de Leitura Fogo
Data e horário: 18/11/24, 2.ª feira, às 11h00, sala 2, CES-Alta
Título: O Poder do Fogo - história, relações e imaginários
Coordenação: Joana Sousa e Jonas Van Vossole
O fogo apresenta-se, expressa-se, brilha, consome e consome-se. Desaparece. Silencia-se. Voltando depois, e voltando sempre. Mais ou menos (des)esperadamente, o fogo acontecia (e acontece). O fogo tem integrado ciclos produtivos e momentos ligados à agricultura e à pastorícia, processamento e cozinha, caça, ritual, contestação e conflito. O seu significado passa pelo seu caráter acolhedor e útil, até à força gigantesca, grotesca e ameaçadora à vida e à compreensão. Esta sessão incide na leitura de dois textos que oferecem diferentes olhares sobre o fogo: Um texto segue o ritmo do ensaio literário que percorre a existência do fogo, na sua forma bravia e mansa, na vida de pessoas, bichos e lugares na Guiné-Bissau. O outro texto é uma análise do fogo nos Estados Unidos Ocidentais durante o século XX olhado a partir do materialismo histórico. O fogo é analisado como parte da vingança da natureza e importante em processos de expropriação e precarização do trabalho. Sugere-se leitura, e conversa acesa.
Leituras
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Montenegro, Teresa. 2021. Fogo manso, fogo bravo. Sintidus, 4, pp. 7-20.
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Dockstader, Sue. 2024. An accumulation of catastrophe: A political economy of wildfire in the Western United States. PhD Dissertation. University of Oregon
Sessão de Leitura Atmosfera
Data e horário: 09/12/24, 2ª feira, às 14h00, sala 2, CES-Alta
Título: É possível colonizar a atmosfera? Reflexões sobre as florestas e a mercantilização do clima
Coordenação: Flora Pereira da Silva
É possível colonizar a atmosfera? Esta sessão pretende discutir sobre a mercantilização do clima, olhando com atenção para o mercado de compra e venda de créditos de carbono. No contexto das florestas, tais mecanismos têm sido denunciados pelos movimentos territoriais e indígenas por serem vazios ou fracos em processos participativos comunitários, por não distribuírem o crédito gerado, e por incutir sanções aos povos que vivem da floresta, que são impedidos de acessar os bens naturais as quais têm vida, cultura e subsistência atreladas. Os textos apresentados refletem sobre a colonialidade da conservação e como a lógica de tais projetos muitas vezes reproduz o modelo de produção que deu origem ao problema climático que vivemos, transforma o carbono em uma nova grande commodity, e relega as florestas (e sua capacidade orgânica de regular o ar do planeta) a espaços vazios, objetos de uma política extrativista, como recursos a serem explorados e esgotados, ou como recipientes de carbono intocáveis.
Leituras
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Okereke, C., & Dooley, K. (2010). Principles of justice in proposals and policy approaches to avoided deforestation: Towards a post-Kyoto climate agreement. Global Environmental Change,20(1), 82–95
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Simone Lovera‐Bilderbeek & Souparna Lahiri, 2021. "Addressing power imbalances in biosequestration governance," Global Policy, London School of Economics and Political Science, vol. 12(S1), pages 57-66, April.
Encerramento
Data e horário: 16/12/24, 2ª feira, sala 2, CES | Alta
Título: Como ler e escrever a crise ecológica?
Coordenação: Ananda Martins Carvalho, Eliane Sebeika Rapchan, Flora Pereira da Silva, Gustavo García-López, Jonas Van Vossole
Para encerrar o ano do Grupo de Leitura, faremos duas sessões no dia 16 de dezembro: uma interna de avaliação, junto aos participantes do ciclo, e outra aberta para a comunidade.
10h00 - 12h00: Como ler e escrever a crise ecológica? Uma avaliação-metodológica (e para nossa vida) do grupo de leitura e jantar de celebração
Contaremos com um momento interno, com os que fizeram parte deste ciclo de leitura, para um olhar para o trabalho do ponto de vista teórico-metodológico. Aqui faremos uma roda de conversa para avaliações do que foi feito no último ano e para reflexões das contribuições que as leituras trouxeram para nossas pesquisas e também para as vidas que extrapolam o espaço acadêmico. Para aqueles presentes em Coimbra, terminaremos o dia em um jantar coletivo. Os participantes do ciclo receberão por email informações de custo e inscrição.
14h00 - 16h00: Como ler e escrever a crise ecológica? Conversa aberta com autoras e autores
Para celebrar um ano das atividades do Grupo de Leitura, faremos uma painel de discussão, trazendo algumas/alguns das autoras e autores estudados, os convidando a uma reflexão sobre os significados e caminhos possíveis para escrever e ler sobre a crise climática. Neste encontro, que marca o encerramento do primeiro ano do Grupo de Leitura, contaremos com a presença de convidados/as cujos textos foram discutidos durante as sessões, destacando a relevância e celebrando o encontro com seus trabalhos. O objetivo é abordar o que autoras e autores provocaram em nossos sentidos e ações, o que representam em nossos percursos acadêmicos e profissionais e enquanto bússolas que inspiram nossas trajetórias de vida.