SEMINÁRIO | GRUPO DE TRABALHO POLICREDOS
Epistemologias dos Brasis: religiosidades, espiritualidades e cosmologias
10 de setembro de 2024, 16h00
Sala 1, CES | Alta
Este seminário pretende discutir em diferentes frentes as dimensões do Brasil enquanto um espaço de produção de saberes, sobretudo no âmbito das religiosidades, espiritualidades e cosmologias. Nesse sentido, percorrerá as múltiplas linguagens artísticas, bem como as perspectivas éticas e políticas. O enfoque do debate será acerca dos muitos Brasis dos territórios indígenas, na forma de crenças, práticas e gestão de línguas, as Áfricas que residem nos terreiros de Umbanda e Candomblé, bem como os roçados do pensamento quilombista contra-colonial e amefricano.
Apresentações de Raphael Ribeiro da Silva (UERJ/CES), Harlon Homem de Lacerda Sousa (UESPI-Oeiras/CES) e Beatriz de Oliveira (UFSC/CES).
Comentários: Luciane Lucas dos Santos (CES)
Programa
16h00 - Por uma ética da Orixalidade: perspectivas estéticas e epistemológicas referenciadas na filosofia popular brasileira e uma ética ancestral em Áfricas-Brasis - Raphael Ribeiro da Silva (UERJ/CES)
Esta pesquisa compreende alguns códigos estéticos, culturais e éticos da cultura brasileira, mais especificamente os que circundam uma geopolítica das religiosidades afro diaspóricas e do pensamento popular, que por sua vez, são consideradas em simultaneidade. Em diálogo com a filosofia popular brasileira (Haddock-Lobo, 2020) e outros campos do conhecimento, propomos uma perspectiva ética atravessada por múltiplas linguagens artísticas centrada nas comunidades de terreiros. O que cunhamos por Orixalidade, enquanto conceito e categoria estruturante, refere-se a um espaço ético-estético-político, estruturante no processo de construção de identidades e agenciamentos culturais e ético-cosmogônicos na contemporaneidade.
Ela/Elu. Raphael Ribeiro da Silva é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva pela UERJ, doutoranda visitante no Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra (CES/UC). Mestre em Letras pela PUC Rio (2020), Graduada em Estudos de Mídia (2017) pelo Departamento de Estudos Culturais e Mídia da Universidade Federal Fluminense (UFF).
16h20 - Literoratura e emancipação: cosmologias - Harlon Homem de Lacerda Sousa (UESPI-Oeiras/CES)
A noção de cosmologia de Antonio Bispo dos Santos é construída em oposição à noção de cosmofobia. Cosmologias, portanto, é o modo de ser e viver que integra humanidade, espiritualidade e natureza como um todo orgânico e inextricável. A cosmofobia é a necessidade de separar e racionalizar cada setor da vida humana, privilegiando o visível e o material. Assim, a partir do pensamento contracolonial de Nego Bispo e amefricano de Lélia Gonzalez, construímos um conjunto de reflexões cosmológicas sobre a literatura e a oralitura (Leda Maria Martins) como ferramenta performativa e expressiva de emancipação temática, epistemológica, metodológica e política. Estas reflexões estão amparadas ainda nos conhecimentos acumulados pelas epistemologias do sul e pelo pensamento decolonial no que refere ao redimensionamento das categorias de pensamento e ciência que permeiam as teorias eurocêntricas da literatura e da oralidade.
Harlon Homem de Lacerda Sousa é professor da Universidade Estadual do Piauí, lotado no curso de Letras/Português do Campus Professor Possidônio Queiroz na cidade de Oeiras/PI. Investigador de Pós-doutoramento no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, supervisionado pela professora Dra. Patrícia Vieira. Doutor em Letras pela Universidade Federal do Ceará (UFC) com a tese “As Arquitetônicas Sertanejas da Ficção de João Guimarães Rosa” (2018). Mestre em Letras pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Dedica-se ao estudo das epistemologias do sul, teoria literária, narrativa e literatura brasileira.
16h40 - Língua(gens) e espiritualidade: cosmologia das conexões - Beatriz de Oliveira (UFSC/CES)
Esta pesquisa parte de um estudo etnográfico em uma comunidade indígena mbyá guarani. Trata-se de uma proposta de investigação que busca perceber o modo como diferentes língua(gens) emergem em seus contextos de uso e o que isso nos revela com relação à espiritualidade/religiosidade local. A partir dos estudos decoloniais e das Epistemologias do Sul, intentamos romper com abordagens da linguística moderna ocidental baseadas em processos de invenção e nomeação de línguas (Makoni; Pennycook, 2015). Compreendemos que nessa rede de associações espirituais são múltiplos os agentes (humanos e não humanos) evocados por meio das língua(gens).
Beatriz de Oliveira é pesquisadora do Grupo de Pesquisa Políticas Linguísticas Críticas e Direitos Linguísticos (CNPq/Brasil). Realiza investigações na área de Política Linguística, com ênfase em línguas indígenas. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente, é doutoranda visitante no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES/UC). Mestre em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Graduada em Letras - Língua Portuguesa e Literatura pela mesma Universidade.