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Corpo e Liberdade: Reflexões Contracoloniais sobre o Contexto pós-25 de Abril em Portugal

André Rosa

Rodrigo Ribeiro Saturnino

17 de abril de 2024, 17h00 (GMT+1)

Evento em formato digital

No contexto do 25 de abril em Portugal, o tema do corpo e liberdade ganha uma dimensão particularmente significativa. A Revolução dos Cravos, ocorrida nessa data em 1974, não só derrubou o regime autoritário do Estado Novo, mas também marcou o início de uma era de liberdades individuais e de expressão. Nesse sentido, o corpo humano tornou-se um símbolo poderoso de autonomia e resistência, refletindo a capacidade cidadã de agência.

No contexto pós-25 de abril, a relação entre corpo e liberdade em Portugal é multifacetada, abrangendo questões que passam por dimensões de expressão artística e sexual, autonomia reprodutiva, o respeito pela diversidade de corpos e da (r)existência de pessoas negras, ciganas e imigrantes. A democratização do país trouxe consigo um espaço mais amplo para a discussão e o reconhecimento dos direitos individuais, o que não significa que ultrapassamos a dimensão colonial das práticas políticas, artísticas e corporais. Desafios persistem, a colonialidade ainda não foi atravessada, superada e reparada em Portugal, o que mantém desafios quanto à subjugação racial, especista, de gênero, de sexualidade e de classe.

Nessa conversa com Rod Ribeiro Saturnino e André Rosa, debateremos a partir de suas práticas artísticas e políticas como os corpos representam a presença da defesa da liberdade, ao mesmo tempo em que estão inscritos com e inscrevem a possibilidade de liberdade a partir de e para além do que foi delineado nestes cinquenta anos.

 

Notas biográficas

Rodrigo Ribeiro Saturnino (aka ROD) | Pesquisador e artista visual. Pós-Doutor pelo Centro de Estudos da Comunicação e Sociedade do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, Doutor em Sociologia pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e Mestre pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Como artista visual desenvolve um trabalho com foco na crítica decolonial. Participou de diversas exposições coletivas e exibições a solo, como na Feira Gráfica de Lisboa (2020), na Casa do Capitão (2021), no Espaço Damas (2021), no Festival Bairro em Festa do Largo Residências (2021), na Galeria Not a Museum (2021), no MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (2022), nas Galerias Municipais de Lisboa (2022/2023), no Kilombo, no contexto do Alkantara Festival (2023) além de participar de festivais e projetos, como por exemplo, o Festival Walk Talk Açores 2020, do projeto “Comunidade enquanto Imunidade”, do Projeto “Primeiro Rascunho” do Teatro do Bairro Alto, do Campo de Treino (2021) e do De/Codificar Belém, do Colectivo Faca. Desenvolveu o cenário do projeto da peça “Casa com Árvores dentro”, parte do projeto “Pê – Prefixo de Desumanização”, em conjunto com Cláudia Semedo, Gisela Casimiro, Kalaf Epalang, entre outros artistas. Tem colaborado com tony omolu na produção de cenografias e figurinos para as peformances “Iabás”, “Em Cor Parda” e “A Kalunga de Ossayn”. Em 2023, realizou uma residência artística no Largo Residências onde realizou o evento performático “Conversas com as águas” juntamente com Ellen Lima, Jahnvi Nandan e Lolo Arziki. Participou das “Práticas Expandidas” do Campus Paulo Cunha e Silva (2023), do Projeto “Descortinar”, do Teatro Municipal do Porto e do MICAR – Mostra de Cinema Antirracista do SOS Racismo (2023). Fundou o Coletivo Afrontosas em 2022 com Didi e tony omolu, uma associação cultural que nasceu a partir de encontros de pessoas negras/racializadas cuír ligadas ao mundo das artes, da educação e da celebração motivadas pela ausência de projetos que reflitam sobre a importância da negritude cuír da diáspora em Portugal em confluência com os trânsitos migratórios da América Latina, África e outras regiões. Ajudou a criar também a UNA – União Negra das Artes. Através dos coletivos que participa tem desenvolvido diversos projetos na área das artes visuais e performativas e da qualificação de profissionais da arte, como por exemplo na criação do LACRE – Laboratório de Arte Cuír e Resistência realizado em 2023 com o apoio do Goethe-Institut de Lisboa e no projeto “Discurso” (2023), do Teatro do Bairro Alto através com curadoria de Melissa Rodrigues. Homenageado pela Power List / Bantumen 2023 com uma das 100 personalidades negras mais influentes. IG: @_rod_ada

 
André Rosa transita entre as artes da cena e do audiovisual, a pedagogia e os saberes anticoloniais. Artista e pesquisador das Poéticas do Corpo e das Imagens em Movimento. É docente na Licenciatura em Teatro da Universidade Estadual de Maringá. Doutor em Estudos Artísticos pela Universidade de Coimbra/Portugal. Mestre em Artes Cênicas pelo PPGAC/UFBA. Licenciado em Educação Artística (Teatro e Dança) pela UNESP. Seu percurso como docente de teatro, dança e performance inclui a UFBA, UFS, UFSM e UFRGS. Trabalha há mais de 25 anos com as artes da cena, atuando em mais de 35 trabalhos artísticos entre o ao vivo e o mediado tecnologicamente. Fundou o Movimento Sem Prega (Brasil/Portugal) e o Núcleo de Estudos e Criação Cênico-Visual (CNPq/UEM), ambos investigam as dimensões culturais, políticas, espirituais, sexuais/gendéricas e linguísticas, funcionando como uma estrutura laboratorial nômade em arte, educação e mediações tecnológicas. Apresentou seus trabalhos cênicos e ministrou oficinas e masterclass em mostras e festivais no Brasil, Canadá, Portugal, Espanha, Bélgica e Grécia, dentre os quais se destacam: 2º Symposium Performance and Philosophy, Atenas/Grécia; Hemispheric Institute Performance and Politics of America - 5ª GSI Convergence, Toronto/Canadá; 3ª edição do OnLine Performance Festival Art, Programa Performance, Agora!, Coimbra/Portugal; Exposição Trabalha-Dores do Cu, Porto/Portugal ; I Festival Feminista do Porto/Portugal; Monstruosas: subpolíticas e descolonialidades - Pornífero Festival de Arte Pós-Pornô - Itinerância do Festival de Lima/Peru; Cortejo da Queima das Fitas, Universidade de Coimbra/Portugal; Festival Internacional de Teatro de Santa Maria, Festival Internacional Mujeres Creadoras, Espanha. Possui publicações de suas pesquisas em livros, revistas e periódicos nacionais e internacionais.

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Esta atividade realiza-se através da plataforma Zoom, sem inscrição obrigatória. No entanto, está limitada ao número de vagas disponíveis >>  https://zoom.us/j/81727712733 | ID: 817 2771 2733 | Senha: 278502

Agradecemos que todas/os as/os participantes mantenham o microfone silenciado até ao momento do debate. A/O anfitriã/ão da sessão reserva-se o direito de expulsão da/o participante que não respeite as normas da sala.

As atividades abertas dinamizadas em formato digital, como esta, não conferem declaração de participação uma vez que tal documento apenas será facultado em eventos que prevejam registo prévio e acesso controlado.