Colóquio
O 25 de Abril em Timor-Leste: Proclamação unilateral da independência em 1975
29 de novembro de 2023, 9h00 (GMT)
Auditório da Fundação Mário Soares e Maria Barroso (Lisboa) + Online
Notas biográficas
Hugo Fernandes é Diretor Executivo do Centro Nacional Chega! I.P. Entre 2008 e 2015, foi Diretor do Programa de Políticas Públicas e Fortalecimento Institucional na Asia Foundation, em Timor-Leste. De 2002 a 2008, foi coordenador da Unidade Pesquisa e Investigação da Verdade e Co- Editor dos relatórios finais da Comissão de Acolhimento, Verdade e Reconciliação de Timor-Leste (CAVR) Chega! e da Comissão de Verdade e Amizade (CVA) de Timor-Leste e da Indonésia. Hugo Fernandes foi editor de Revista TALITAKUM, do movimento da resistência estudantil RENETIL, publicada na Indonésia, e um dos membros fundadores da Associação de Jornalistas de Timor Lorosa (AJTL) em 1999. Graduou-se em Ciências Florestais pela Universidade de Gadjah Mada em Jogjakarta, na Indonésia, e tem um diploma de pós-graduação em Jornalismo Internacional e mestrado em Políticas Públicas pela Universidade de Cardiff, País de Gales.
Rogério Sávio Ma'averu é licenciado em História pela Universidade Sanata Dharma (Indonésia). É estudante de mestrado em Educação e Movimentos Sociais na Universidade Nacional Timor Lorosa’e. Foi investigador da Comissão de Pesquisa da História da Mulher Timorense entre 2014 e 2017. Como consultor do Ministério da Educação, desenvolveu materiais didáticos da disciplina de história para o ensino básico em Timor-Leste. Atualmente, realiza um trabalho de pesquisa histórica no Centro Nacional Chega!, instituto de memória de Timor-Leste. Publicou artigos e capítulos de livros sobre a história das mulheres timorenses na resistência, o desenvolvimento do currículo e investigação científica na área de história em Timor-Leste.
Adelino Gomes trabalhou sucessivamente na rádio, na televisão (RTP, 1975-1976) e na imprensa durante 42 anos. Na rádio, foi locutor, noticiarista e repórter no RCP, na RR e na RDP. Proibido de trabalhar pelo Governo no programa Página Um, onde comentara o ataque à aldeia olímpica de Munique sem fazer passar o texto pela censura (6.9.1972), integrou em 1973 a redação em língua portuguesa da Deutsche Welle (Voz da Alemanha). Pertenceu à equipa inicial do Público, como redactor principal. Cobriu como repórter, entre muitos outros acontecimentos de relevo nacional e internacional, o dia 25 de Abril de 1974, as primeiras horas da invasão terrestre de Timor (cujo dossier acompanhou de finais de Setembro de 1975 até aos primeiros anos da independência), momentos da descolonização e da guerra civil em Angola (Julho de 1975, 1992 e 1994), das II e II guerras do Golfo (1990/1 e 2003), do Afeganistão (2001), e da queda do regime de Cédras, no Haiti (1994). É autor e coautor de livros sobre o 25 de Abril e Timor. Já com 60 anos, mas ainda no exercício da profissão, regressou aos bancos da universidade, onde estudou jornalismo e sociologia.
Zélia Pereira é doutorada em Ciências da Informação e Documentação, pela Universidade de Évora. Licenciou-se em História, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e é mestre em História Social Contemporânea, pelo Instituto Universitário de Lisboa-ISCTE. Desde 1997 tem vindo a colaborar em diversos projetos de investigação no domínio da História e da Arquivística. Como investigadora de pós-doutoramento no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, entre 2018 e 2022 colaborou num projeto de investigação sobre o processo de autodeterminação de Timor-Leste. Presentemente, é também investigadora colaboradora do Instituto de História Contemporânea - Universidade Nova de Lisboa e arquivista na Fundação Mário Soares e Maria Barroso.
Estêvão Cabral é doutorado em Ciência Política pela Lancaster University, Reino Unido. Foi Associate Research Fellow no Department of Politics and International Relations, Lancaster University, de outubro de 2002 a setembro de 2005, Visiting Research Fellow no Department of International Politics da University of Wales, Aberystwyth, de setembro de 2003 a setembro de 2006 e, em seguida, um Honorary Research Fellow no Departamento de Ciência Política e Estudos Internacionais da Universidade de Birmingham. Em 2009, trabalhou como investigador de pós-doutoramento num projeto de investigação na Universidade de Tilburg, Holanda, intitulado: Tornando-se uma nação de leitores em Timor-Leste: Política linguística e desenvolvimento da literacia de adultos num contexto multilingue. As suas áreas de pesquisa são: a história política de Timor-Leste, as campanhas de alfabetização durante os anos de Resistência à invasão e ocupação indonésia de Timor-Leste e a política linguística em Timor-Leste.
Fátima Guterres nasceu em Timor-Leste. A 7 de Dezembro de 1975, no momento da invasão Indonésia de Dili, foge para as montanhas. Foi responsável da OPMT (Organização Popular da Mulher Timorense) e Secretária do COMDOP (Comando Operacional das FALINTIL). Em 1979 foi capturada em combate pelo exército indonésio, ficando sujeita à prisão e à tortura. Consegue em 1987, por intermédio da Cruz Vermelha Internacional, vir com a família para Portugal. Em Portugal continua o trabalho em prol da luta do povo timorense. Foi Vice-secretária da OPTT (Organização Popular dos Trabalhadores Timorenses) e colaborou, de 1989 a 1998, nas Jornadas de Timor-Leste e nas Acções de Formação para a Democracia em Timor-Leste da Universidade do Porto. Participa em debates e seminários um pouco por todo o país, tendo em 1997 participado na 8ª Conferência Internacional Mulher e Saúde no Rio de Janeiro e numa série de debates e conferências em S. Paulo. Autora de vários livros, com destaque para o livro autobiográfico Timor - Paraíso Violentado (2014) e Naha Mauk, Os Dias Eram Assim (2023).
Bernardina Alves nasceu em Timor-Leste. Refugia-se nas montanhas na invasão do exército indonésio em 7 de Dezembro de 1975. Na resistência era coordenadora e Assistente geral da OPMT, tendo trabalhado com o Presidente Nicolau Lobato na resistência. Foi capturada e presa pelos militares indonésios. Conseguiu sair de Timor com a família através da Cruz Vermelha Internacional. Em Portugal participou e contribuiu com os seus testemunhos na luta pela independência de Timor nos encontros com os grupos de solidariedade nacional e internacional.
Lídia Araújo é natural de Timor-Leste. Foge para as montanhas aquando da invasão Indonésia no dia 7 de Dezembro de 1975. Na resistência assume o cargo de responsável da OPMT. Durante o cerco e aniquilamento 78/79, foi capturada num dos assaltos das tropas indonésias e presa três anos. Durante este período era obrigada a apresentar-se três vezes por semana na INTEL, Serviços de Inteligência indonésia. Veio para Portugal em 1990, com o marido que tinha sido preso em Jacarta através da Cruz Vermelha Internacional e da Amnistia internacional. Em Portugal contribui na luta para a independência de Timor-Leste junto dos grupos de solidariedade.
Luís Costa nasceu no ano de 1945 em Fatu-Berliu, Timor-Leste. Fez o curso de Humanidades e Filosofia em Évora e o curso de Teologia em Leiria. Ordenado sacerdote em dezembro 1973, em novembro de 1974 regressa a Timor e é colocado como colaborador na missão de Ossú. De janeiro de 1976 a março de 79 esteve nas montanhas com a resistência. Desde 1984, é membro do Comité da Fretilin na Diáspora, colaborando em atividades pela causa timorense. É Professor de tétum e cultura timorense, investigador, autor de obras como o Dicionário Tétum-Português (2000), Guia da Conversação Português-Tétum (2001), Borja da Costa - Selecções de Poemas (2010), Língua Tétum: Contributos para uma Gramática (2015) e Ué-Lenas - Lenda de Timor Lorosa’e (2018).
Lúcio Sousa é Professor auxiliar no Departamento de Ciências Sociais e de Gestão da Universidade Aberta (UAb). Investigador integrado do Instituto de Estudos de Literatura e Tradição (IELT-FCSH-UNL) e investigador associado externo do Centre for Refugee Studies (CRS), York University - Toronto. Doutorado em Antropologia Social pela UAb (2010) com uma tese sobre a prática ritual e a organização social entre uma comunidade de língua Bunak no distrito de Bobonaro em Timor-Leste. A investigação sobre Timor-Leste centra-se nas práticas rituais e a cidadania, a etnografia em contexto colonial e as políticas de cultura. Desde 2011 leciona e investiga sobre migrações forçadas e refugiados - tema da sua dissertação de mestrado, em 1999.
Marisa Ramos Gonçalves é investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, contratada no âmbito do Programa de Estímulo ao Emprego Científico (CEEC-IND) da FCT e docente num programa de doutoramento do CES/FEUC. É doutorada pela Universidade de Wollongong (Austrália) na área de história e direitos humanos. Atualmente tem em curso o projeto de investigação "Histórias transnacionais de solidariedades no Sul – outros conhecimentos e lutas por direitos no espaço do Oceano Índico”, em Timor-Leste e Moçambique (CEEC-IND). Os temas que desenvolve debruçam-se sobre os lugares de intersecção entre a história e memória, estudos pós-coloniais, educação, sistemas de conhecimento no Sul Global, em particular em Timor-Leste e na região Ásia-Pacífico, temas sobre os quais tem várias publicações.