Ciclo
Saberes Cruzados: conhecer, lembrar, imaginar e aprender na cidade
2022/2023
Coimbra (Diversos locais)
Enquadramento
Os dados demográficos têm mostrado uma crescente tendência para a urbanização da população humana e, em Portugal, estima-se que cerca de 77% da população viva em cidades até 2050. Esta migração do meio rural para o urbano levou a um interesse científico crescente e renovado nas cidades, e no estudo e compreensão da relação entre os seus espaços e as diferentes dimensões humanas, tais como saúde e bem-estar, justiça social, história, património, espaços comuns ou educação.
As cidades surgem como um espaço de análise a partir de várias perspectivas, nas suas transformações e adaptações, e as/os seus habitantes como agentes desses processos dinâmicos. Deste modo, as cidades podem ser vistas como bibliotecas vivas, onde diferentes saberes se cruzam: saberes da ciência, da experiência, da vivência, da imaginação. Uma biblioteca de múltiplas histórias que importa saber valorizar também como um valioso recurso educativo.
O apelo é que a cidade possa ser um palco de múltiplas aprendizagens, e de encontros entre a universidade e as escolas.
As práticas educacionais que promovem o desenvolvimento de competências científicas, ajudando a compreender, participar e agir face aos actuais desafios locais e globais, são cada vez mais importantes. Vários autores defendem a necessidade de reforçar o diálogo entre a investigação científica e as escolas. Uma forma de o fazer é criar oportunidades para cientistas, professores e estudantes se encontrarem e trocarem conhecimentos, experiências e perspectivas, reconfigurando as escolas como ecossistemas colaborativos - escolas como parte de uma rede interligada que liga conteúdos educativos, investigação científica e realidades locais e globais. Como tal, podem surgir novas comunidades de aprendizagem, onde cientistas, professores e estudantes trabalham em conjunto. Esta estratégia metodológica adopta os princípios da ciência cidadã, que, por sua vez, tem sido cada vez mais reconhecida como um poderoso instrumento para a educação.
A cidade pode ser, então, um espaço privilegiado para estimular o pensamento crítico sobre problemas locais e relacionar temas de investigação com questões que interessam e motivam as crianças e jovens, e a ciência cidadã a ferramenta para a construção colaborativa de novos conhecimentos e aprendizagens relevantes.