Festival de Cinema Indígena da Amazónia

EcoImagens 

1 e 2 de junho, 15h00 | 3 de junho, 19h00 || 2022

Casa do Cinema de Coimbra e Cinemateca de Lisboa

Apresentação

Para o Ocidente, Amazônia tem sido, ao longo dos séculos, uma tela em branco, na qual se projetam as mais diversas conceções do mundo natural: um Paraíso já perdido no resto do mundo; um El Dorado de riquezas fabulosas; um território de perigos insuspeitados; o último reduto de uma natureza selvagem; uma área onde impera o extrativismo desenfreado e o capitalismo selvagem, e assim por diante. Mas o que é a Amazónia para os povos que habitam a região há milhares de anos? Como se relacionam estas populações com a sua terra? Como respondem às imagens vindas do exterior sobre o seu território? E como se relacionam com outros povos indígenas do Brasil e da América do Sul?

EcoImagens apresenta uma seleção de cinema indígena sobre a Amazônia que se concentra no vínculo dos povos da região com a sua terra, em diálogo com produções indígenas do resto do Brasil. Numa época de globalização, desterritorialização e desmaterialização das relações humanas, em que grande parte das nossas vidas decorre online, numa realidade virtual e descontextualizada, este cinema chama a atenção para a centralidade dos laços físicos e emocionais com determinados lugares e seres humanos e não-humanos que dão sentido à nossa existência. Nas imagens que nos trazem estes filmes, a Amazônia deixa de ser um lugar longínquo, idealizado por uma mirada externa, e transforma-se numa realidade concreta e palpável através do quotidiano de povos indígenas intimamente ligados aos lugares e seres da sua região.

As/os cineastas representadas/os neste Festival utilizam o cinema, uma técnica desenvolvida na Europa, para documentar as suas vidas e para nos apresentarem a sua perspetiva sobre a sua terra. Em contraste com a representação da América do Sul e da sua população indígena durante séculos como objetos do olhar ocidental, estes filmes trazem-nos uma visão enraizada no local. As/os realizadoras/es respondem desafio de usar a imagem cinematográfica não como forma de objetificação, mas como um convite para vermos o seu mundo com outros olhos. Através destes filmes, sentimos a Amazônia e o Brasil como lugares onde pessoas, animais e plantas convivem há milénios e onde lutam por continuar a co-existir neste mundo ameaçado pela destruição ambiental.