Encontro

Artes na Europa no Tempo da Pós-Memória: Debate, Performance, Cinema

3 de outubro de 2019, 18h30

Pequeno Auditório da Culturgest (Lisboa)

Notas biográficas

Pitcho Womba Konga (República Democrática do Congo, 1975) é um artista multidisciplinar. Iniciou sua carreira como rapper com o álbum Regarde Comment (2003). Atuou em peças de teatro, como Malcom X (2016). No cinema participou no thriller Wasteland (2014) e no curta De Overkant (2015). Em 2018, dirigiu e encenou Kuzikiliza, uma peça sobre as feridas deixadas pela colonização. L’experience Pi  é seu mais recente projeto: mistura música e poesia para uma experiência de troca e transmissão.

Sobre «A experiência Pi»: numa performance intimista, Pitcho convida o espectador a mergulhar no seu universo através de poemas que relatam as experiências que forjaram seu ser. Acompanhado de um artista beat-box o seu slam é um convite para refletir sobre a dualidade que permeia a segunda geração de imigrantes na Bélgica.
 

Fátima Sissani (Argélia, 1970) cineasta e documentarista franco-argelina chegou a França aos 6 anos. Uma das pioneiras em abordar o exílio feminino num documentário radiofônico, «J’aime pourtant le pays que je quitte » (France Culture) seus centros de interesse permeiam as histórias mínimas para explicar a partir do particular temas geopolíticos de grande alçada como a migração, o exílio e a linguagem. La langue de Zahra (A língua de Zahra) é seu primeiro documentário que foi bastante premiado. Lançou o longa-metragem premiado Les gracieuses (2014) e Tes cheveux démêlés cachent une guerre de sept ans (2017), um documentário sobre a colonização e a guerra na Argélia a partir da história de três mulheres que viveram no período colonial e que se juntaram ao FLN durante a guerra de independência.

Sobre o filme «A língua de Zahra»: A partir do retrato de sua mãe, Fatima Sissani tenta decifrar os silêncios implícitos na imigração argelina para a França. A cultura kabyle é baseada na arte da palavra. Essa realidade não imaginamos ao confrontar a sociedade de imigração onde, relegados ao silêncio e ao isolamento de postos de trabalho braçais, a criatividade não consegue se expressar. Fátima grava o retorno à língua de origem e a liberação de histórias que acarreta. O documentário foi selecionado em vinte festivais e ganhou vários prêmios.


Dulce Maria Cardoso publicou os romances Eliete (2018), O Retorno (2011), O Chão dos Pardais (2009), Os Meus Sentimentos (2005) e Campo de Sangue (2001). Grande parte dos contos que publicou em revistas e jornais está reunida na antologia Tudo são histórias de amor (2013). Alguns dos seus contos fazem parte de várias antologias estrangeiras, e “Anjos por dentro” foi escolhido para a antologia Best European Fiction 2012, Dalkey Archive.

Os seus romances têm sido objeto de prestigiados prémios nacionais e internacionais, estão traduzidos em várias línguas e publicados em mais de duas dezenas de países. A obra de Dulce Maria Cardoso é estudada em universidades de vários países e tem sido objeto de adaptações ao cinema e ao teatro.

Em 2012, recebeu, do Estado Francês, a condecoração de Cavaleira da Ordem das Artes e Letras.

 

Margarida Calafate Ribeiro é investigadora e professora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e responsável pela Cátedra Eduardo Lourenço da Universidade de Bolonha/ Camões, com Roberto Vecchi. Especialista em literatura e história imperial portuguesa, política e património, a sua obra encontra-se no interstício entre os estudos literários e os estudos da memória. Em 2015 recebeu uma bolsa Consolidator Grant do Conselho Europeu de Investigação, com o projeto “MEMOIRS - Filhos de Império e Pós-Memórias Europeias”. Das suas diversas publicações destaca-se Uma História de Regressos: Império, Guerra Colonial e Pós-colonialismo (2004) como uma das fundações desta investigação interdisciplinar e, com António Sousa Ribeiro, Geometrias da Memória: configurações pós-coloniais (2016).