Seminário
Experiência de adoecimentos e condições crônicas: perspectivas socioantropológicas
23 de outubro de 2018, 10h30 - 17h00
Sala 2, CES | Alta
Resumo
Os estudos da experiência ganharam ênfase na reação às análises macroestruturais e positivistas, contruindo-se como alternativa subjetivista, situacional, compreensiva. Se em dado momento os estudos da experiência significaram o retorno do sujeito, assistiu-se, também, às inflexões do seu descentramento, morte, dissolução na esteira do ideário do “pós” -humanismo, -modernismo, -estruturalista, -humano, -gênero, -colonial etc., em fins do século XX. Não se trata de polarizar ou desconsiderar aqueles termos nas análises, mas de recusar a sua pureza ou fixidez e, neste sentido, o que se propõe é pensá-los localizados, em interação, nas suas continuidades/descontinuidades, conexões/desconexões e fluidez quotidianas que fazem desvanecer supostas fronteiras.
Toma-se a experiência aqui, como a construção e os sentidos de algo que acontece na existência de uma pessoa, grupo, comunidade humana particular: não tudo o que acontece e que se vivencia, mas aquilo que afeta, marca, fica retido, é trazido à lembrança e expresso no presente. Assim, o conceito se refere à forma original como sujeitos concretos vivenciam o mundo no fluxo da vida quotidiana e é para este fluxo que se solicita que os interlocutores se voltem impelindo-os a rememorar – o que fazem editando e (re)apresentando fenômenos investigados, seja como relato, narrativa, silêncios, desenhos, gestos, textos, etc. Se há singularidade na experiência, ela transcorre com limites circunscritos pela seletividade da memória, pelos valores compartilhados, pelas interações sociais (pessoais, institucionais, tecnológicas), pelas percepções sensoriais radicadas em um corpo.
Este Seminário apresenta as reflexões e as pesquisas de um conjunto de investigadores/as que confluem numa perspectiva socioantropológica que reconhece a singularidade do agir/interpretar nas situações quotidianas vividas por um conjunto múltiplo de atores que compõe a rede complexa que integra a experiência dos adoecimentos e condições crônicas – doentes, familiares, profissionais, cuidadores/as formais e informais.
Organizadoras: Sílvia Portugal e Reni Barsaglini