Seminário
Estudantes «arretadas» – gênero, ações afirmativas e justiça cognitiva na universidade pública brasileira
Jacira da Silva Barbosa (UFBA/CAPES/MEC)
20 de julho de 2018, 16h00
Sala 2, CES | Alta
Resumo
Embora discursos contrários à política de reserva de vagas nas universidades públicas ainda persistam no contexto brasileiro, os avanços conquistados com a ampliação do acesso à educação superior são notórios. Este têm sustentado a elaboração de novas ações no país, do que é exemplo a lei de 2012, que determina a reserva de 50% das vagas em Instituições Federais de Ensino Superior para estudantes de origem popular. A adoção de políticas de ações afirmativas, que englobam os aspectos étnico-raciais, socioeconômicos e origem escolar, é um dos fatores que tem favorecido o incremento da população feminina nas universidades do Brasil.
Nesta seminário discutir-se-ão os resultados de uma pesquisa com estudantes negras e pobres que ingressaram na universidade pública via política de ações afirmativas. O contexto de investigação é a Universidade Federal da Bahia (UFBA), que pertence ao grupo das primeiras instituições brasileiras a implantar um programa de ações afirmativas desde 2005.
Este estudo é parte do Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias do Nascimento (CAPES/MEC), cujo compromisso busca analisar os efeitos da expansão da educação superior no Brasil, com o objetivo de avaliar o grau em que uma democratização efetiva está sendo construída e que possa sustentar não apenas a justiça social, mas, principalmente, um comprometimento com a justiça cognitiva, conceito de interesse dessa investigação. A pesquisa tem como pano de fundo os estudos pós-coloniais que debatem a importância da construção de um novo paradigma científico, aberto a epistemologias subalternizadas pela ótica colonial, especialmente nos países do Sul. A partir da narrativa das estudantes acerca de suas trajetórias acadêmicas, torna-se possível conhecer e refletir as contradições vivenciadas no ambiente da universidade, as dificuldades relacionadas aos processos de permanência e de “afiliação estudantil” e, sobretudo, a determinação e a força que elas desenvolveram em prol da conquista de seu espaço num contexto caracterizado por um modelo normativo que apresenta dificuldades em responder às demandas sociais que são apresentadas pela sociedade contemporânea.
Nota biográfica
Jacira da Silva Barbosa é psicóloga, mestra e doutoranda em Psicologia do Desenvolvimento (UFBA), em estágio doutoral no CES pelo Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias do Nascimento (CAPES/MEC). Assistente social com atuação na área da saúde pública em Salvador, Bahia, Brasil. Especialista em Terapia Familiar Sistêmica, desenvolve projetos de pesquisa na área de gênero, família, particularmente configurações familiares matrifocais e com estudantes universitárias oriundas destes grupos. É membro do Observatório da Vida Estudantil (OVE), grupo interdisciplinar que desenvolve pesquisas acerca da vida e cultura estudantis e universidade. Tem publicado artigos nas áreas de família matrifocal, trajetórias estudantis, sujeito e subjetividade.
No âmbito do programa ALICE - Epistemologias do Sul