Seminário

Debates sobre o método dialético marxista no capitalismo neoliberal

Julia Expósito (Universidad Nacional de Rosario)

22 de junho de 2017, 15h00

Sala 2, CES | Alta

Enquadramento

A história do marxismo é marcada por várias formulações sobre as “suas” crises. A unidade inquestionável de um marxismo desprovido de tensões pode existir apenas como um paradigma evanescente. A “crise do marxismo” já está de resto presente desde o momento em que o marxismo é nomeado como tal no final do século XIX. As discussões sobre a “crise do marxismo” também estão presentes no século XX e XXI.

Neste sentido, o marxismo é tanto um pensamento da crise, como uma teoria da práxis, dado que seus debates supõem um vínculo estreito com as circunstâncias políticas e económicas específicas e têm dado origem, ao longo da sua história, a múltiplos processos de reformulação teórica e a diferentes apostas políticas.O desafio teórico e político para pensar a crise atual do marxismo, que começara no início dos anos 70, é compreender e trabalhar as particularidades desta época e as especificidades dos debates conceituais que as diferenciam das crises precedentes.

Para entender a crise atual deve então sublinhar-se o contexto: o colapso dos chamados socialismos reais e as transformações neoliberais no modo de acumulação capitalista e seu impacto sobre o mundo do trabalho. Estes processos têm subvertido o sentido marxista da história, dando lugar a especulações sobre a possibilidade do socialismo. Portanto, a atual crise do marxismo apresenta diferenças fundamentais em relação às crises precedentes. Ou seja, o que está em crise não é apenas uma série de categorias que permitem uma sequência de reformulações ou ajustes teóricos do marxismo; é o próprio método de análise dialético e a sua relação com a lógica do capitalismo que foram colocados em questão.

Assim, as formas atuais para as saídas da crise do pensamento marxista têm um axioma comum: colocar a herança hegeliana e os problemas da dialética no centro das discussões atuais da crise. Este seminário tem por objetivo ajudar a esclarecer as condições históricas de possibilidade da dialética como método de análise para o pensamento político contemporâneo no quadro do capitalismo neoliberal.

Nota biográfica

Julia Expósito (Rosario, Argentina, 1985) é doutora em Ciências Sociais pela Universidade de Buenos Aires, Mestre em Estudos Culturais pelo CEI, Bacharel em Ciência Política pela Universidade Nacional de Rosario e Pós-Doutorada pelo CONICET. Trabalha como investigadora e professora do Departamento de Análise Política da Faculdade de Ciências Políticas e Relações Internacionais da Universidad Nacional de Rosario. Atualmente, está realizando uma estadia como pesquisadora convidada no CES da Universidade de Coimbra. Também participa em vários grupos de pesquisa sobre a teoria crítica, marxismo e debates da teoria política contemporânea, e tem organizado e participado em conferências e congressos nacionais e internacionais. Publicou numerosos artigos em revistas acadêmicas e livros, entre os quais se destacam: El Marxismo Inquieto. Sujeto, política y estructura en el capitalismo neoliberal, de Prometeo Libros, 2017. Também participa como ativista do movimento de mulheres e feminista na Argentina, e participa em assembleias de professores e trabalhadores da ciência e tecnologia em Rosario.


Comentário de João Rodrigues