Seminário

Travestis, Transexuais e Transgêneros: o nome (social) trans como dispositivo de identificação de gênero

Claudio Eduardo Resende Alves (PUC Minas/GPFEM)

20 de maio de 2015, 15h00

Sala 2, CES-Coimbra

Resumo

O presente seminário propõe uma reflexão epistemológica sobre identidade, sexualidade, corpo e nome de sujeitos trans a partir dos estudos pós estruturalistas de gênero. Qual é seu nome? Nome civil, nome de registro, nome de batismo, nome de guerra, nome artístico, nome de trabalho, prenome, sobrenome, pseudônimo, codinome, nome próprio, nome de família, nome social -  nomenclaturas múltiplas para sujeitos e corpos. Nomear é caracterizar, personalizar e distinguir sujeitos. A identidade de gênero é atravessada pela escolha nominal. Uma vez descolada do sexo anatômico, a identidade de gênero é determinada, dentre múltiplos fatores, pela reiteração do discurso (Butler, 2003).

Corpos trans escapam ao padrão hegemônico homem/pênis e mulher/vagina, necessitando, assim, de uma nomeação dissidente do binarismo calcado na ontologia biológica (Louro, 2004). Nesse sentido, é possível pensar o nome (social) trans como uma estratégia de transição entre gênero e sexo, sendo tomado como um dispositivo de identificação de gênero, uma vez que produz outras formas de inteligibilidade sobre corpos e sexualidades. Pessoas trans tem dois ou mais nomes próprios, aquele que foi designado na hora do nascimento, cujo nome a cultura dominante buscou normalizá-lo e o nome que assina no início do processo de subjetivação dissidente. Os nomes trans não indicam o pertencimento a outro sexo, mas denotam um processo de identificação, uma ficção viva que resiste à normatização (Preciado, 2014).


Nota biográfica

Cláudio Alves - Doutorando em Psicologia pela PUC Minas/Brasil com estágio doutoral no CES/UC, Mestre em Educação, Especialista em Educação Afetivo-Sexual e Graduado em Ciências Biológicas. Professor e integrante do Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte/Brasil, onde desenvolve pesquisas sobre as temáticas de sexualidade e relações de gênero em interface com o universo da educação. Participa da elaboração, implementação e monitoramento de políticas públicas de inclusão da diversidade sexual nos espaços de convivência escolar. Pesquisador Bolsista do FIP - Fundo de Incentivo à Pesquisa da PUC Minas e Pesquisador integrante do GPFEM - Grupo Interdisciplinar de Pesquisas Feministas da PUC Minas.

Nota: Cláudio Alves encontra-se a realizar um Estágio Doutoral no CES entre março e junho de 2015 sob orientação de Ana Cristina Santos.
 

Atividade no âmbito do projeto: INTIMATE - Citizenship, Care and Choice: The Micropolitics of Intimacy in Southern Europe e do Núcleo de Estudos sobre Democracia, Cidadania e Direito (DECIDe)