Sessão Cinematográfica

"A Batalha de Argel"

10 de maio de 2011, 17h30

Casa das Artes da Fundação Bissaya Barreto (Fila K Cineclube)

Filme: A Batalha de Argel
[Argélia/Itália, 1966, 117 minutos]
Sinopse: Dirigido por Gillo Pontecorvo. Retrata a luta da Argélia para se tornar independente da França, a partir da trajectória de Ali, líder da Frente Argelina de Libertação Nacional (FLN). Banido por muitos anos na França e proibido no Brasil na época da ditadura militar, “A Batalha de Argel” [The Battle of Algiers] conquistou o Prémio da Crítica Internacional no Festival de Veneza de 1966 e, em 1969, quando foi lançado nos Estados Unidos, recebeu duas indicações para os Oscar, nas categorias de melhor direcção e melhor argumento original:
Comentador: Vania Baldi
 

Enquadramento do Ciclo de Cinema e Debates «Encontros com a História»

A década de 60 inaugurou um novo momento político em África. Todavia, as transições para as independências foram acompanhadas, em vários casos, por situações de extrema violência, reflexo quer da complexidade política presente, quer da intolerância imperial. É objectivo deste ciclo (Iº semestre de 2011) ver e discutir estes filmes como testemunho político da construção do projecto das independências africanas, abrindo pontes para uma análise mais profunda dos vários sujeitos que estes ‘encontros com a história’ procuram resgatar.

Assim, este projecto tem por magno objectivo assinalar tais eventos e fomentar uma reflexão abrangente e multidimensional sobre a questão colonial, contribuindo para o necessário enriquecimento das análises sobre o tema.

Tal reflexão afigura-se especialmente importante por um vasto conjunto de razões. De facto, as leituras hegemónicas do colonialismo e a sua conceptualização predominante como mera relação política formal de dominação invisibilizam a complexidade e a diversidade das formas de dominação, exploração, violência e discriminação que o colonialismo engendrou. Mesmo focando a diversidade das experiências coloniais europeias em África, tais perspectivas universalizam a um tal ponto os modos de produção e exercício do poder colonial, que a vivências, experiências e resistências dos povos africanos tendem a ser narradas e interpretadas pelo olhar dominantes das ex-metrópoles.

Fazendo eco das propostas e das preocupações de um olhar pós-colonial crítico e emancipatório e procurando promover uma perspectiva comparativa alargada, pretende-se, assim, realçar a problemática do colonialismo de modo multidimensional, exercer o direito à memória e às verdades históricas e reflectir sobre as formas contemporâneas com que a experiência colonial se manifesta e se reproduz hoje.

A partir da visualização de filmes ficcionados, documentários e outro material histórico de época e da contemporaneidade, e procurando dar-se particular realce à cinematografia africana em clara reposta aos apelos pós-coloniais, promover-se-ão debates alargados sobre tal material.

Propõe-se a gravação pelo CES dos debates que poderão ser disponibilizados online.

O projecto terá dois momentos principais. O primeiro momento – a decorrer durante o I semestre de 2011 -, abordará as questões coloniais de uma ponto de vista mais global e transversal, para procurar contextualizá-las no terreno africano, ultrapassando o círculo restrito da Lusofonia. O segundo momento, a iniciar em Setembro de 2011, será constituído por mini-ciclos temáticos sendo cada um deles consagrado à experiência de países concretos. Saliente-se também que em cada um destes mini-ciclos temáticos, procurar-se-á abordar cada caso nacional de um modo multidimensional, o que implica a procura de material de época e da contemporaneidade.


Ciclo de Cinema e Debates

Encontros com a História