Seminário

Risco em comunidades com vulnerabilidade socioambiental

João Alcione Sganderla Figueiredo (Universidade Feevale)

6 de setembro de 2019, 18h00

Sala 3.1, Faculdade de Economia da UC

Resumo

 Discutiremos como o risco ambiental e a saúde foram e são construídos e como são percebidos por diferentes agentes, sejam eles sociais, econômicos ou políticos. A ideia é problematizar o risco ambiental e sua relação com a saúde como um elemento que está para além dos limites geopolíticos existentes. E, ao mesmo tempo, ao ampliarmos a escala, isso nos permite explorar outras topologias existentes acerca da ideia de risco e compreender como ele é construído a partir de referentes diversos ligados ao modo como, no interior do campo ambiental, diferentes interesses são trabalhados e tornados consensuais a partir de sua "construção midiática" em razão do modo como ele é apresentado à população.

Um dos principais dilemas é que, por um lado, o homem desafia as novas tecnologias descobertas, mas, por outro lado, busca mecanismos para controlar essas tecnologias e sua aplicabilidade. Esboçamos aqui que a transformação desenfreada do planeta, justificada pelas necessidades da sociedade industrial, faz com que a interação do homem com o meio ambiente proporcione um resultado suicida, quando ele põe em perigo os recursos naturais. Soma-se a isso a degradação da cultura, manejada pelos interesses econômicos que priorizam uma qualidade de vida de uma pequena parcela da população, enquanto a grande maioria da sociedade vive em condições sub-humanas. A questão em ronda é: o conhecimento, a ciência e a tecnologia como fonte de progresso estão vinculados ao processo de desenvolvimento com sustentabilidade? Ademais, os estudos científicos feitos de forma fragmentada são suficientes para entender os processos dessa situação e buscar soluções para os problemas políticos, econômicos e principalmente socioambientais? O que se percebe é que não bastam avaliações e ações particulares. Nosso dialogo propõe unificar diferentes áreas da ciência, buscando soluções para as questões estruturais, por meio de uma discussão que possa perpassar as Ciências Humanas, Sociais, Aplicadas, da Natureza, ou seja, interdisciplinar.

Sob essa ótica, também, busca-se compreender o modo como a ideia de risco ambiental e de saúde é percebida e, também, a forma como estes percebem diferentes políticas e riscos ambientais e sociais que envolvem a implementação de políticas públicas de natureza diversa relacionadas especificamente ao meio ambiente e à saúde. Assim, o projeto pretende apontar caminhos estruturantes para pensar e repensar que planejamentos estão sendo feitos em relação ao saneamento, à moradia, à qualidade da água potável e a estruturas de lazer, que culminam com um [meio] ambiente saudável; sobretudo, considerar que o resultado aqui posto, pela percepção do risco dos residentes da cidade e do poder público e sua relação com os riscos reais, levam a potencializar um verdadeiro canal de diálogo com novas proposições de políticas públicas. Otimistas, podemos dizer que este trabalho pode torna-se um receituário para a formatação e aplicação de políticas públicas para o meio ambiente e sua relação com a saúde. Ou seja, teremos como eixo central os impactos ambientais e a saúde no processo de formação de metrópoles.

Com moderação de Alexandre Tavares (Presidente do Conselho de Administração da AdCL; Professor Associado no Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade de Coimbra; Investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra)

---

Evento Organizado no âmbito do projeto: RiskAquaSoil - Plano Atlântico de Gestão de Riscos no Solo e na Água, cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através Programa de cooperação INTERREG Espaço Atlântico, com a referência EAPA_272/2016