Seminário
As narrativas da crise e a crise das narrativas?
17 de fevereiro de 2016, 14h00
Auditório J.J. Laginha, ISCTE-IUL (Lisboa)
Enquadramento
Este seminário trata de narrativas da crise – narrativas de uma das instituições da troika (o FMI) e narrativas de jornalistas económicos na imprensa (crónicas e editoriais).
Narrativas são relatos de acontecimentos apresentados numa sequência de palavras escritas ou ditas, ou de imagens. Esta é a definição de um dicionário que mostra que não há qualquer conotação negativa no conceito de narrativa. O relato pode assumir a sua natureza ficcional, ou pode reclamar para si um fundamento factual. Mas mesmo quando se designa como “narrativa” um relato que reclama fundamento factual, não se está necessariamente a denunciar esse relato como uma efabulação. Em qualquer caso nenhuma narrativa é neutra. Quem conta um conto não só acrescenta um ponto, como confere um sentido aos acontecimentos relatados.
Designamos os relatos analisados neste seminário por “narrativas da crise”, conscientes de que o termo “crise” é em si mesmo central na narrativa dos acontecimentos experimentados. Porque se disse da sequência de eventos relatados que eles configuravam “uma crise”? O que está implícito na interpretação desses acontecimentos como “uma crise”?
As narrativas da crise são importantes. Elas proporcionam a pessoas perplexas e confusas, pela sequência surpreendente de acontecimentos adversos, um enquadramento interpretativo que define o que “correu mal” e “o que deve ser feito”. Esse enquadramento condiciona o modo como todos (re)definimos no contexto da crise as nossas preferências, interesses e valores e a posição que enquanto cidadãos assumimos – de acordo, consentimento ou de rejeição - às soluções de política adotadas.
As narrativas da crise carreiam interpretações dos acontecimentos, mas não estão imunes ao desenrolar dos acontecimentos e à crítica. Por muito poderosas que sejam, há sempre momentos em que as narrativas podem entrar elas próprias em crise com um simples “O Rei vai nu”. É isso que discutimos quando além das narrativas da crise falamos de crise das narrativas.
Público-alvo
Jornalistas; estudantes de jornalismo/ comunicação social, de economia e de ciências sociais de modo geral; atores sociais e políticos.
Inscrições
Entrada livre, sujeita a inscrição online AQUI
Organização
Centro de Estudos sobre a Mudança Socioeconómica e o Território (Dinâmia’CET/ ISCTE-IUL), Observatório sobre Crises e Alternativas do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES-UC) e Sindicato dos Jornalistas