Gender workshop

Feminismos árabes: questionando as resistências

Shahd Wadi (Doutoranda FLUC)

27 de março de 2014, 17h00

Sala 2, CES-Coimbra

Resumo

Where there is power, there is resistance | Michel Foucaul

Where there is resistance, there is power | Lila Abu-Lughod

O artigo de Lila Abu-Lughod sugerido para esta oficina “The Romance of Resistance: Tracing Transformation of Power through Bedouin Women” (1990) salienta que muitos estudos sobre a resistência teriam sido importantes para redefinir o que é político, mas que normalmente há uma tendência para apenas romantizar a resistência e lê-la como um sinal da ineficácia dos sistemas de poder e da criatividade do ser humano em recusar a dominação.

Contudo, as resistências não ocorrem fora do sistema do poder, nem são independentes dele e, muitas vezes, as formas de resistência oscilam entre dois sistemas de poder, criando vários sistemas e subsistemas de resistência. As resistências, tal como o poder, não acontecem numa direção única, nem são acontecimentos que ocorram em alternância simétrica; mas movem-se numa rede complexa, contraditória, opositiva e, ao mesmo tempo, interrelacional (Foucault 1978, Abu-Lughod 1990).

Neste seminário, esforçar-me-ei por abordar as dinâmicas e as contradições dentro da própria resistência feminista árabe. Pergunto-me: como podem os feminismos árabes resistir ao sexismo na sua sociedade sem apagar a sua identidade ou adotar um discurso aparentemente colonial? Como podem exigir, por exemplo, uma liberdade sexual sem assimilar um discurso orientalista? Como podem resistir, por exemplo, ao machismo nos movimentos nacionais e ao mesmo tempo resistir ao imperialismo, colonialismo sobre qual estes movimentos também resistem? Como podem os feminismos árabes “fazer parte”, e ao mesmo tempo resistir aos sistemas de poder?


Nota biográfica

Palestiniana, entre outras possibilidades, doutoranda em Estudos Feministas na Universidade de Coimbra, com um projeto sobre as representações dos corpos de mulheres palestinianas em produtos culturais e artísticos contemporâneos, como um lugar de silenciamento e simultaneamente de resistência no contexto da ocupação israelita da Palestina, considerando estas artes como testemunhos de vida. Obteve o grau de mestre na mesma área pela mesma universidade com uma tese intitulada "Feminismos de corpos ocupados: as mulheres palestinianas entre duas resistências" (2010).


Artigos em discussão
Abu-Lughod, Lila (1990), “The romance of resistance: tracing transformations of power through Bedouin women”, American Ethnologist, 17(1), 412-55.Abu-Lughod, Lila (2002), “Do Muslim women really need saving? Anthropological reflections on cultural relativism and its others”, American Anthropological Association, 104(3), 783-790.
 

[Quem desejar participar e ler previamente os artigos em discussão deverá enviar um e-mail para gw@ces.uc.pt]